segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

MOVIMENTOS DISCUTEM DIREITOS TERRITORIAIS NA AMAZÔNIA


 O Programa de Formação Continuada em Direitos Territoriais é uma iniciativa da FASE Amazônia, no âmbito do Projeto Gestão Territorial e Direitos na Amazônia que vem sendo desenvolvido em parceria com a organização Terra de Direitos e Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR/STM) . O Programa visa atender demandas de formação apresentadas por organizações e movimentos sociais das regiões do Baixo Amazonas e BR 163 acompanhados pela FASE e seus parceiros. De Juruti Velho participam Luiz Carlos (Predreira), Adel Silva (Ingracia) e Francisco Pinheiro (Maravilha).
Para Luiz Carlos, o curso tem sido um espaço de debate de ideias, socialização de conhecimentos, troca de experiências, reflexão e construção coletiva. “Para mim é gratificante participar de uma proposta como esta que vai ajudar no fortalecimento da luta em defesa dos direitos territoriais das populações agroextrativistas, indígenas e quilombolas na Amazônia ” enfatizou ele.
O Programa teve início no mês de agosto de 2014 e será concluído no mês de junho de 2015. 

 

CARAVANA DE RESISTÊNCIA AOS PROJETOS HIDRELÉTRICOS NA AMAZÔNIA


A caravana em defesa do rio Tapajós, ato político liderado pelo Movimento Tapajós Vivo, aconteceu no dia, 26 de novembro e reuniu mais de 1.000 pessoas de diversas localidades.

Participaram do ato: moradores do PAE Juruti Velho, Santarém, Altamira, Itaituba, Aveiro, das aldeias do alto e médio Tapajós e do Rio Tapajós e aldeias do Mato Grosso.

Representantes do Ministério Público Federal, os bispos de Santarém, de Itaituba, e do Xingu também estiveram presentes.

Dom Erwin Kräutler, bispo da prelazia do Xingu acusou o Governo Federal de cometer crime contra o povo do Tapajós.

“O nosso povo não foi consultado. Toma-se iniciativas, toma-se decisões em Brasília, no Sudeste ou no Sul do país, e não se consulta o povo da Amazônia. São 24 milhões de seres humanos que estão aqui na Amazônia. Não existe, são apenas números de estatísticas, isso nós não podemos admitir. Eu acuso o governo de usar a estratégia do rolo compressor, a estratégia do fato consumado. Não se pergunta nada a ninguém, se coloca o povo diante de um fato consumado, ora, isso é intragável, inaceitável” protestou,  o bispo do Xingu.

A Acorjuve esteve representada por Esgiron Oliveira (Genezaré), Luiz Carlos (Pedreira) e Erickson Ribeiro (Muirapinima).

Esgiron Oliveira diretor de meio ambiente da ACORJUVE destacou a alegria de estar junto de um povo que ainda conserva em sua essência o respeito com a natureza, para ele é de muita importância participar de ações como estas e de vivenciar outras realidades, pois há uma troca de experiência que vem somar ao  movimento de Juruti Velho que , também, trata  de uma luta séria. “Esperamos estar presente em outras ações como estas, pois nos ajudará a melhorar ainda mais nossas manifestações”,  lembrou ele.

 

AGRICULTURA FAMILIAR DO PAE JURUTI VELHO RECEBE INVESTIMENTO DO PRONAF


A agricultura familiar desempenha um importante papel  na economia brasileira, sendo que sua produção representa 37,87% de toda a produção nacional, envolvendo 85,17% dos  estabelecimentos rurais. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) fornece apoio financeiro aos  produtores rurais que desenvolvem suas atividades agropecuárias e não agropecuárias,  que   se utilizam basicamente da mão- de- obra familiar com objetivo de aumento da renda, o uso racional da terra, a proteção ao meio ambiente e fixação do homem ao campo. No PAE Juruti Velho, há  cerca de 89 agricultores/as familiar acessaram o PRONAF este ano, gerando em torno de R$ 1,2 mi (Um milhão e duzentos reais),  no esforço em conjunto ACORJUVE, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Juruti que vem expedindo a Declaração de Aptidão a Produção (DAP) e Banco da Amazônia. Agostinho Guimarães técnico responsável pelos projetos do PRONAF, na região, diz que a meta é atingir 100 famílias este ano, porém,  hoje há mais de 400 famílias cadastrada. Segundo ele,  “o maior desafio na implementação e acesso a mais créditos é a assistência técnica, pois o governo não disponibiliza de assistência técnica e não da para a ACORJUVE acompanhar todos os produtores”.

Agostinho informou ainda que as linhas de créditos variam de R$ 2.500,00 a R$ 15.000,00, dependendo da renda do produtor, com prazos de até 9 anos para pagar sendo, 4 de carência e 5 anos pagando com datas e valores também condicionados a cultura que vai ser investida.

 

PROOJETO QUELÔNIOS DO MIRI


Durante anos, a captura de quelônios para a alimentação foi uma atividade constante na vida de moradores de diversas comunidades da região do Miri/PAE Juruti Velho. Esta atividade reduziu de forma drástica a população de quelônios, na região com o passar dos anos, os moradores foram percebendo que a captura dos quelônios estava se tornando cada dia mais difícil e  que a quantidade de animais havia diminuindo. Para reverter essa situação, jovens da região tomaram a iniciativa e foram em busca de ajuda em diversos órgãos encontrando poucas respostas. Foi então que solicitaram apoio junto à Acorjuve, da qual  receberam boa parte da estrutura necessária para o desenvolvi
mento das atividades do projeto a ser desenvolvido nas comunidades da região. No apoio ofertado pela Associação para o trabalho dos jovens foram entregues lanternas, pilhas, gasolina e até mesmo o apoio na fiscalização. 

    O trabalho dos comunitários começa no mês de setembro, época da desova dos quelônios. Os animais encontram nas praias, formadas nas margens do lago do Miri,  o local ideal para depositar os ovos que posteriormente são recolhidos por moradores e colocados em uma chocadeira comunitária, também nas margens do lago. O nascimento acontece dois meses depois. Após o nascimento, os quelônios recebem tratamento adequado para então serem soltos nas águas do lago.

  O dia dedicado à soltura dos quelônios envolve todos os moradores das dez comunidades que formam a Região. O momento também consta de apresentações culturais como  poesias, musicas e danças relacionados a preservação dos quelônios.

A parceria com a ACORJUVE tem sido fundamental para que o projeto Quelônios do Miri venha sendo desenvolvido de forma independente desde 2013.

 

 

COPA DOS CAMPEÕES


Como explicar tamanha dedicação, empenho, superação de desafios, para realizar uma partida de futebol? O que explica sair de casa em pleno sábado ou domingo, navegar horas rio abaixo ou rio acima, para jogar uma partida de futebol?

Não há como explicar. Não há palavras para descrever tamanha paixão. Não é possível colocar em palavras tanta emoção. Foram meses de treinos e dedicação, semanas inteiras esperando chegar sábado ou domingo para superar mais um adversário. Equipes vencedoras que conquistaram o mérito de chegar as finais e outras  que se organizaram, e  criaram laços afetivos, com isso  traçaram metas e construíram objetivos.

Atletas que no decorrer do campeonato adquiriram a capacidade de olhar o outro apenas como adversário em campo. Cada partida vencida era uma superação em busca do tão sonhado título. Atletas comandados por técnicos e presidentes que sabem e os ensinaram respeitar o outro como ser humano com ética. Perder não era o objetivo, mais jogo é jogo uns perdem e outros ganham. Ganhar com garra, ganhar no campo, ganhar com ousadia é inexplicável. A sensação de vencer a tão temida equipe adversária, ouvir o grito da torcida, pedindo que o cronometro acelere e o arbitro apite a final da partida. Ufa! Acabou. Ganhamos!

Quarta copa dos campeões 13,  versão 2014 esta nunca será esquecida. Campeões também foram aqueles que mesmo não chegando a tão sonhada final souberam perder com dignidade, com respeito e com ética. Que venha a copa dos campeões de 2014 versão 2015.

ACDCM ELEGE NOVA DIREÇÃO

Associação Cultural de Difusão Comunitária Muirapinima (ACDCM) elegeu a nova diretoria,   no dia 02 de dezembro. A composição da nova gestão ficou assim definida: A Associação da comunitária dos Produtores de Juruti Açu (ACOPRUJA) reeleita como diretoria administrativa; Associação da comunitária do Açaí na diretoria de secretária; Igreja Assembleia de Deus na diretoria de finanças e patrimônio; Associação das Comunidades da Região de Juruti Velho (ACORJUVE) na diretoria de programas comunitários; Associação Atlética Boca Junior na diretoria de cultura e comunicação social e a Igreja da Paz Juruti Velho na diretoria de operações e radio difusão. Durante três anos esta direção administrará as ações da ACDCM e da emissora Muirapinima. O primeiro desafio a ser enfrentado pela diretoria eleita  é a construção do novo prédio da emissora. Francisco Batista em seu discurso de posse  pediu  o esforço e apoio da comunidade em geral. Danizel Marques destacou que a ACDCM deu um passo muito grande em direção à qualidade, principalmente no que se refere a programação da emissora. Para terminar, ele disse ainda que: “hoje a Muirapinima tem uma estrutura de qualidade e isso é trabalho de equipe, não existe alguém que manda, acredito que Francisco fará uma excelente administração pois tem humildade, simplicidade e a capacidade de ouvir e trabalhar em equipe”.
 

JOVENS DO PAE PARTICIPAM DE CURSO DE MANEJO FLORESTAL


O Formar Florestal é uma iniciativa do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e do Instituto Federal do Pará (IFPA), Campus Castanhal, com o apoio do Fundo Vale. Do Assentamento Juruti Velho/ACORJUVE participaram os jovens Josivan Paz (Açaí), Messias Santos (Santa Rita de Cassia - Miri) representantes a ACORJUVE, Luiz Matos (Surval) e Vandreia Pinto (Açaí) pela AFMB. Messias da comunidade Santa Rita avalia sua participação no curso com estrema relevância, pois estar tendo a oportunidade de ampliar seus conhecimentos em gestão comunitária e participativa. “Uma das vantagens maiores foi conhecer e trabalhar com os produtos madeireiros e não madeireiros”. Josivan   da comunidade Açaí diz que o curso tem proporcionado o conhecimento dos produtos florestais utilizado de forma sustentável. “ para mim o diferencial foi o tempo comunidade, pois usamos a teoria aplicado na pratica e passei a conhecer melhor a realidade e discutir os problemas internos de minha comunidade. Ressaltou Josivan.
 
O Curso teve duração de oito meses e foi realizado com base na Alternância Pedagógica, onde os tempos e espaços de formação comunidade-escola são alternados, visando uma problematização da realidade e reflexão a partir dos conhecimentos técnicos e científicos repassados aos alunos durante as etapas de formação, que iniciaram dia 24 de abril de 2014, em Santarém.

Manejo Florestal Comunitário (Formar Florestal). Concorreram as vagas 69 pessoas. Dentre os critérios para selecionar os 25 participantes estava o local de residência ou atuação do candidato, que deveria atuar em comunidades tradicionais, Unidades de Conservação e/ou Assentamentos da reforma agrária nas áreas de abrangência das rodovias BR163 e Transamazônica, este ano 15 lideranças do PAE Juruti Velho representantes da ACORJUVE estão concorrendo uma vaga no FORMAR/15.

ACORJUVE FAZ INVESTIIMENTO NA QUALIFICAÇÃO PROFISIONA DE JOVENS DO PAE JURUTI VELHO


Em agosto  30 jovens das diversas comunidades do PAE Juruti Velho receberam certificados de conclusão dos cursos na Área da Beleza: manicure e pedicure profissional, cabeleireiro básico, na área Elétrica: Eletricidade Predial, Eletricista de baixa e alta tensão, comandos elétricos e RN10, segurança e instalações e Serviços em eletricidades e na área Administrativa: Departamento pessoal e Almoxarife. Durante 08 meses os jovens receberam formação aos sábados e a certificação foi através de uma escola profissionalizante da cidade de Juruti a Acorjuve além do financiamento dos cursos fornecia alimentação para os que vinham de comunidades mais distantes.
“Meus pais não teriam condições de financiar um curso desse de tamanha importância para minha qualificação profissional e graças a Acorjuve hoje terminei o curso e recebi meu certificado” destacou a jovem Jaqueline Natividade da comunidade Açaí que fez o curso na área da beleza. Denilza Marialva da comunidade Uxituba que fez o curso de Administração ressalta a importância de outros cursos, “vivemos em uma região carente de formação profissional seria muito bom que além desses a ACORJUVE investissem em outros cursos e mais jovens tivessem a mesma oportunidade que tivemos, pois a maioria não tem condições de sair pra cidade pra fazer o curso e nem custear “.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

ORDEM FRANCISCANA SERÁ A ADMINISTRADORA DO 9 DE ABRIL

Em coletiva realizada na terça feira (30) na cúria Diocesana de Óbidos, Dom Bernardo bispo da Diocese confirmou, que o Hospital 9 de Abril do município de Juruti será repassado para a Associação Franciscana na Providencia de Deus, a exemplo do hospital Santa Casa de Óbidos.

O hospital 9 de abril funcionará como um hospital regional para atendimento dos municípios mais próximos principalmente em casos graves que necessitem de atendimento mais complexo, evitando assim que o paciente perca tempo no deslocamento à Santarém.

O hospital 9 de abril foi construído pela empresa ALCOA, no entanto, até o momento não vinha funcionando como havia como planejado. Com esse repasse para a Associação Franciscana na Providencia de Deus, pretende ampliar os leitos para favorecer atendimento mais adequado à população e fazer com que o Hospital funcione como fora previsto em sua construção.
ASCOM da Diocese de Óbidos

terça-feira, 30 de setembro de 2014

FINAL DE CAMPEONATO REGIÃO DO MIRI MOVIMENTA COMUNIDADES

O JUMAC  da comunidade Miri Centro é o grande campeão do Campeonato da região do Miri, promovido pela Associação das Comunidades da Região de Juruti Velho - Arcojuve, através da direção de Esporte Cultura e Lazer. A equipe venceu o Esporte Juventus nos pênaltis de 5 a 4 no campo da comunidade Diamantino na grande final que aconteceu no último domingo, 28.
Com o resultado, o JUMAC recebeu premiação em dinheiro e ganhou o direito de participar da Copa dos Campeões em 2015. O campeonato que iniciou no dia 24 de maio contou com a participação de nove times, representando as dez comunidades da região, reunindo um total de 190 atletas na disputa.
O Campeonato da região do Miri foi o segundo a encerrar no calendário esportivo da Instituição. Além dele, mais duas competições estão acontecendo simultaneamente: Os Campeonatos da região do Uxituba e a Copa dos Campeões 2014.


PROJETO “CINEMA NA RUA” LEVA SESSÃO DE CINEMA GRATUITA PARA AS RUAS VILA MUIRAPINIMA

A ACORJUVE, através da Equipe de Comunicação e Diretoria de Cultura e lazer, realiza, hoje 30 de setembro, a primeira sessão de cinema do Projeto “Cinema na Rua”, com a apresentação do Filme Rio II na esquina das ruas Nilson Pinheiro e  às 19h.

O Projeto “Cinema na Rua” visa levar entretenimento e cultura de forma gratuita através de sessões de cinema que são montadas em ruas da Vila Muirapinima. O projeto terá ainda outras exibições todas as terça-feira gratuitas, todas com datas, locais e filmes a serem definidos.

O Projeto tem o objetivo de levar cultura como ferramenta de sociabilização, principalmente dos mais jovens. E o cinema é algo encantador, mágico, que leva o espectador a conhecer novas culturas e formas artísticas”, explica a coordenadora do Projeto Isabel Cristina.

A primeira exibição do Projeto “Cinema na Rua” será no bairro do Alegre onde será instalada uma tela inflável gigante de 3 metros de altura e 2 metros de comprimento.

“Esperamos contar com a presença da população. O Filme Rio II foi escolhido para ser exibido nesta primeira sessão, pois é um filme muito bonito com uma mensagem importante de amizade e companheirismo, defesa do meio ambiente, além de ser uma história com ares tipicamente brasileiros”, finaliza Isabel Cristina.

 

JOVENS RECEBEM CERTIFICAÇÃO DO CURSO DE INFORMATICA


O projeto de inclusão digital atende 08 turmas distribuídas em 02 laboratórios que contam com o uso de 20 computadores funcionando nos turnos da manhã, tarde e noite sob a orientação de três instrutores. A certificação tem ocorrido através das parcerias com entidades como Projeto Puraqué e CTA.
Para a orientadora Idenilza Batista a partilha do conhecimento desenvolvido junto dos alunos através das aulas de informática serviu como aprendizado e foi de grande valia, para ela como profissional e para a entidade na formação de jovens e adultos, no sentido de dar formação por meio dos recursos midiáticos internet com objetivo inserir esse modo de aprendizado dentro da formação educacional dos participantes. Segundo a orientadora, a inserção no mundo digital é uma conquista, pois passa da condição de analfabeto eletrônico para informatizado uma conquista não apenas para a ACORJUVE, bem como para a cada um dos moradores da região que foram capacitados.
A inclusão digital no PAE Juruti Velho através da ACORJUVE não se limita a Vila Muirapinima, hoje através da parceria com a UFOPA – Universidade Federal do Oeste do Pará a comunidade Maravilha com 500 moradores em média está em fase de implantação o laboratório que vai atender as comunidades de Prudente, Surval e outras em torno.
Para a direção da ACORJUVE a ideia seria um laboratório a cada comunidade polo, porém a falta de energia dificulta a implantação do projeto. A Associação acredita, ainda, que a implantação do telecentro proporcionou à população de Juruti Velho acesso a maiores conhecimentos sobre às novas tecnologias da informação, provocando mudanças no desempenho escolar dos alunos que utilizam os laboratórios como fonte de pesquisa. Com isso a ACORJUVE defende que a formação digital vem melhorando as condições de vida da população através do conhecimento, por isso, faz-se necessário o emprego de mais investimentos por parte do poder público em iniciativas que promovam a inclusão digital da população, uma vez que se trata de um aprendizado que pode retirar da exclusão grande parcela da sociedade.

MP E ENTIDADES DEBATEM INFLUÊNCIA DE OBRAS NO MEIO AMBIENTE EM SANTARÉM

 
O Ministério Público do Estado (MPE) por meio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF), promoveu neste sábado o seminário "Conflitos: (In) justiça socioambiental". A intenção foi discutir com lideranças comunitárias, acadêmicos e entidades as questões ambientais que sofrem influência de grandes obras e projetos em Santarém, e região oeste do Pará.
 
O encontro foi coordenado pelas promotoras ...Lilian Braga e Ione Nakamura, que atuam no município, e contou com a participação do promotor Raimundo Moraes, diretor do CEAF. Lideranças comunitárias e representantes de entidades trouxeram as principais demandas relacionadas ao tema. “Sempre fazemos esse diálogo. As vezes de uma forma mais imediata, no calor dos acontecimentos. Dentro de processos administrativos de licenciamento e conflitos de maneira geral”, explicou o promotor.
 
Cerca de 60 comunitários da região de Juruti Velho, que compreende 51 comunidades do município de Juruti, participaram das discussões quanto à atuação de mineradoras na região. “Já temos vários igarapés, vários riachos que já foram soterrados pela mineradora, então isso está afetando muito nossas comunidades. Viemos para solicitar ao Ministério público que a gente possa reaver junto a Semma a licença ambiental da mineradora que não está obedecendo ao que foi concedido para ela”, defendeu o líder comunitário, Gerdeonor Pereira.
 
O encontro faz parte da 9ª edição do projeto gestão itinerante e participativa. A promotora Lilian Braga ressaltou a necessidade de desenvolvimento da região, principalmente pela geração de empregos, mas condenou a falta de planejamento das empresas. “A nossa região precisa sim se desenvolver, precisamos dos empregos oferecidos pelos empreendimentos? Precisamos. O povo amazônico precisa, mas precisa também ser planejada essa instalação de projetos na região, precisam ser pensadas junto com a comunidade para saber qual o interesse da comunidade no território”, afirmou Lilian.

SEMINÁRIO DISCUTIU REALIDADE DA EDUCAÇÃO NO CAMPO

O I Seminário de Educação no Campo do
Oeste do Pará teve como tema "Pronera e os desafios da Educação do Campo na Amazônia", com foco no Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), do Incra.
Atualmente, tramita em Brasília (DF) um projeto apresentado pela Ufopa para implantar o primeiro curso de nível superior em assentamento da reforma agrária, no oeste paraense, que é o curso de Pedagogia da Terra, visando a...tender 30 alunos do Assentamento Agroextrativista - PAE Juruti Velho e 20 jovens dos demais assentamentos do município de Juruti, Oeste do Estado.

Representantes do Incra, da UFPA, da Ufopa, do Museu Emílio Goeldi, do IFPA (Campus Santarém), Casa Familiar Rural e de outras instituições de ensino, além de assentados da reforma agrária na região, estiveram participando do evento 46 assentados do PAE Juruti Velho, Apras, ACRPM estiveram presentes. Foram abordadas questões que envolvem a realidade da educação no campo e experiências de instituições federais de ensino com o tema.
Sexta, 26, pela manhã aconteceu uma mesa redonda com a presença dos representantes do STTR de Alenquer Sr. João Gomes e da ACORJUVE Sr. Gerdeonor P. dos Santos onde debateu o desenvolvimento do Pronera na região.
Gestores das secretarias de Educação do governo do Estado e das prefeituras do Baixo Amazonas e do eixo da BR-163 foram convidados, apenas Óbidos, Belterra, Itaituba e Rurópolis enviaram representantes.
Entidades dos movimentos sociais que atuam no campo poderão apresentar demandas de educação que irão compor um planejamento de educação para assentados de reforma agrária.
 

terça-feira, 8 de julho de 2014

IMAGEM DE JURUTI VELHO



ENCONTRO DE DISCUSSÃO DE POLITICAS PUBLICAS


Nos dias 30 de maio e 01 de junho   aconteceu na   sede social do Boca Junior, Vila Muirapinima o encontro de socialização e  multiplicação do curso de Políticas Publicas a iniciativa foi dos  cursistas dos municípios de Óbidos, Oriximiná, Faro, Alenquer e Juruti pela ACORJUVE participam    Simone Castro - Vila Muirapinima e Dinelson Hipólito - Nova União, o curso é  promovido pela Diocese de Santarém. O encontro teve como objetivo a socialização das   experiências     vivenciadas durante o curso e o preenchimento do formulário de levantamento das ações e dos    gastos dos conselhos existentes nos municípios.     

 

ASSOCIADOS DA ACORJUVE PARTICIPAM DO FORMAR FLORESTAL 2014


O Curso é promovido pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil  - IEB, uma associação civil brasileira, sem fins econômicos, com a missão de        promover a  capacitação e formação de pessoas ligadas à conservação         ambiental,   tendo como eixos a formação técnica, institucional e política.  O curso é  direcionados a jovens e adultos residentes em localidades rurais nos  respectivos municípios   presentes nos territórios de influência das rodovias BR163 e Tranzamazônica no Pará.  Como critério de escolha são selecionados jovens que residem em áreas de  assentamentos, possuam atuação em  comunidades tradicionais e possuem vínculo direto com organizações comunitárias. Ao todo o curso terá um período de 08 meses, divididos em 04 (quatro)  encontros Formativos. O curso terá um total de 260hs, sendo 160 presenciais e 100 não presenciais (tempo comunidade), no encerramento os cursistas receberão certificados com o título de Formação Inicial e Continuada em Manejo Florestal Comunitário expedido pelo IFPA Campus Castanhal e pelo IEB. Do PAE Juruti Velho participam 04 (pessoas) pessoas entre elas Messias    Santos - Santa Rita - Miri, Josivan Paz e Vadreia Ferreira - Açaí, Luís de Matos - Surval associados a ACORJUVE.

CAMPEONATO DA REGIÃO DO UXITUBA


Inicia domingo,06, o segundo campeonato da Região do Uxituba que tem como objetivo maximizar e difundir a prática do futebol de campo promovendo descobertas de novos talentos e a valorização do esporte amador na região do PAE Juruti Velho.

As comunidades Capelinha, Raifran, Uxituba, Nova Macaiane, Pedreira, Nova União, Monte Sinai Assembleia de Deus e Nova Aliança formam a  região do  Uxituba. O campeonato é uma realização da ACORJUVE através da Diretoria de   Esporte Cultura e  Lazer sob   coordenação local. 

 

REGIÃO MARAVILHA REALIZA PRIMEIRO CAMPEONATO DE FUTEBOL


Iniciou dia 01 de junho, o primeiro campeonato masculino de futebol de campo da região da   Maravilha, o campeonato tem como objetivo a integração da região contextualização do futebol como meio de organização comunitária e       contribuir com o desenvolvimento econômico e social da região que é formada pelas               comunidades  Juruti Açú, Produente, Maravilha, Surval, Monte Siani Católico e Gernano, 08    equipes estão inscritos no campeonato.

 

TORNEIO DE ABERTURA DO CAMPEONATO DA REGIONÃO DO UXITUBA




sexta-feira, 20 de junho de 2014

AOS 86 ANOS, D. PEDRO CASALDÁLIGA AINDA ENFRENTA 'LOBOS' E FALA DE ESPERANÇA 20 DE JUNHO DE 2014

Por Sônia Oddi e Celso Maldos
Da Rede Brasil Atual


São Félix do Araguaia, nordeste mato-grossense, 10 de maio de 2014. Numa pequena capela, no fundo do quintal, uma oração inaugura o dia na casa do bispo emérito de São Félix, dom Pedro Casaldáliga. A simplicidade da arquitetura ganha força com o significado dos objetos ali dispostos.

No altar, uma toalha com grafismos indígenas. Na parede, um relevo do mapa da África Crucificada, um Cristo rústico no crucifixo, uma cerâmica de mãe que protege seu filho com um braço e carrega um pote no outro. No chão de cimento, bancos feitos de toras de madeira, que lembram aqueles de buriti, usados pelos Xavante, em uma competição tradicional, em que duas equipes se enfrentam numa corrida de revezamento, carregando as toras nos ombros, demonstração de resistência e força, qualidades de um povo conhecido por suas habilidades guerreiras. Cercada de plantas, a luz entra por todas as faces das tímidas e incompletas paredes. Nesse ambiente orgânico, assim como tem sido a vida de Pedro, os amigos se aninham para tomar parte da oração.

José Maria Concepción, companheiro de Pedro de longa data, e recém-chegado da Espanha, inicia a leitura: “1795: José Leonardo Chirino, mestiço, lidera a insurreição de Coro, Venezuela, com índios e negros lutando pela liberdade dos escravos e a eliminação de impostos. 1985: Irne García e Gustavo Chamorro, mártires da justiça. Guanabanal, Colômbia. 1986: Josimo Morais Tavares, padre, assassinado pelo latifúndio. Imperatriz, Maranhão, Brasil”

Os martírios lembrados referem-se àquela data, 10 de maio. Inúmeros outros, centenas deles, são e serão lembrados ao longo de todo o ano, de acordo com a Agenda Latino-Americana. E continua: “2013: Ríos Montt, ex-ditador guatemalteco, condenado a 80 anos de prisão por genocídio e crimes contra a humanidade. A Comissão da Verdade calcula que ele cometeu 800 assassinatos por mês, nos 17 meses em que governou, depois de um golpe de Estado.”

O jovem padre Felipe Cruz, agostiniano, de origem pernambucana, conduz um canto, a reza do pai-nosso e a leitura de uma passagem da edição pastoral da Bíblia. O encerramento se dá com a Oração da Irmandade dos Mártires da Caminhada Latino-Americana, escrita por dom Pedro, onde na última linha pode-se ler “Amém, Axé, Awere, Aleluia!”, em respeito à diversidade de crenças do povo brasileiro.

Em nome desse respeito, dom Pedro nunca celebrou uma missa na Terra Indígena Marãiwatsédé, dos Xavante, comunidade que desde sempre contou com o seu apoio na luta pela retomada da terra, de onde haviam sido deportados em 1968 e para onde começaram a retornar em 2004. “Se o bispo está aqui celebrando a missa, significa que nós estamos em pleno direito aqui. E, por orientação do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e da igreja da Prelazia, ele, pessoalmente, não fez nenhuma celebração na reserva”, testemunha José Maria.

Sagrado bispo pelas mãos de dom Tomás Balduíno, dom Pedro dedicou a vida ao povo da região do Araguaia (Foto:Centro Comunitário Tia Irene)

Por apoiar a luta quase cinquentenária dos povos originários daquela região de Mato Grosso, Pedro foi ameaçado de morte algumas vezes. Na última, no final de 2012, quando o processo de desintrusão (medida legal para efetivar a posse) dos fazendeiros e posseiros da TI (terra indígena) Marãiwatsédé avançava e se efetivava, decorrente da determinação da Justiça e do governo federal, ele teve de se ausentar de São Félix.

Perseguições, ameaças de morte e processos de expulsão do país têm marcado a trajetória de Pedro, que chegou à longínqua região do Araguaia, como missionário claretiano, em 1968, aos 40 anos. De origem catalã, ele nasceu em 1928 – e aos 8 anos teve sua primeira experiência com o martírio, quando um irmão de sua mãe, padre, foi assassinado quando a Espanha estava mergulhada em uma sangrenta guerra civil.

A Prelazia de São Félix, uma divisão geográfica da Igreja Católica, foi criada em 1969 e abrange 15 municípios: Santa Cruz do Xingu, São José do Xingu, Vila Rica, Santa Terezinha, Luciara, Novo Santo Antônio, Bom Jesus do Araguaia, Confresa, Porto Alegre do Norte, Canabrava do Norte, Serra Nova Dourada, Alto Boa Vista, Ribeirão Cascalheira, Querência e São Félix do Araguaia. Atualmente, conta com uma população estimada em 135 mil habitantes, uma área aproximada de 102 mil quilômetros quadrados e 22 chamadas paróquias.

Pedro, em meio às distâncias, encontrou um povo carente, sofrido, abandonado, à mercê das ameaças dos grandes proprietários criadores de gado. Os pobres do Evangelho, a quem havia escolhido dedicar a sua vida, estavam ali.

Em 1971, pelas mãos de dom Tomás Balduíno (que morreu em maio último, aos 91 anos) foi sagrado bispo da prelazia. A partir de 2005, quando renunciou, recebeu o título de bispo emérito.

Um dos fundadores da Teologia da Libertação, o seu engajamento nas lutas dos ribeirinhos, indígenas e camponeses incomodou os latifundiários e a ditadura. Ainda hoje, incomoda os homens ricos e poderosos do Centro-Oeste brasileiro.

A política dos incentivos fiscais, levada a cabo pelos militares, por meio da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), foi o berço do agronegócio.
E também dos conflitos advindos da expropriação da terra das populações originárias, da exploração da mão de obra, do trabalho escravo e toda sorte de violências, que indignou o missionário Pedro e o fez escolher do lado de quem estaria.

“O direito dos povos indígenas são interesses que contestam a política oficial”, diz dom Pedro. “São culturas contrárias ao capitalismo neoliberal e às exigências das empresas de mineração,  das madeireiras. Os povos indígenas reivindicam uma atuação respeitosa e ecológica.”

Em plena ditadura, nos anos 1970, fundou, junto com dom Tomás Balduíno, o Cimi e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), como resposta à grave situação dos trabalhadores rurais, indígenas, posseiros e peões, sobretudo na Amazônia.
Ainda nesse período, em 1976, presenciou o assassinato do padre João Bosco Burnier, baleado na nuca quando ambos defendiam duas mulheres que eram torturadas em uma delegacia de Ribeirão Cascalheira (MT).

Pedro faz seções de fisioterapia algumas vezes na semana. Aos 86 anos, e com o Parkinson diagnosticado há cerca de 30, esse cuidado se faz necessário para minimizar os avanços do mal que provoca atrofia muscular e tremores. Ele segue disciplinadamente uma dieta alimentar, o que de certa maneira retardou, mas não cessou, segundo seu médico, o avanço da doença.

A disciplina se repete na leitura diária de e-mails, notícias, artigos, acompanhado mais frequentemente por frei Paulo, agostiniano,  que assim como dom Pedro tem sempre as portas abertas para moradores da comunidade e viajantes. Durante a visita da Revista do Brasil, por exemplo, há uma pausa para acolher Raimundo, homem alto, pardo, magro que, aflito, emocionado, de joelhos, pedia a sua bênção.

A casa é simples, de tijolos aparentes, sem acabamento nas paredes. Porém, tal como a capela no fundo do quintal, é plena de significados e ícones que atestam o compromisso com as causas humanas, de quem vive sob aquele teto.
Che, Jesus, Milton

No quarto, na salinha, na cozinha, no alpendre dos fundos, no escritório, um devaneio para os olhos e para o coração. Imagens de significados diversos: Che Guevara, Jesus Cristo, Milton Nascimento, padre João Bosco Burnier, dom Hélder Câmara, monsenhor Romero, Pablo Neruda. Textos de Martín Fierro, São Francisco de Assis, Joan Maragall, Exodus. Pôsteres da Missa dos Quilombos, da Romaria dos Mártires da Caminhada, da Semana da Terra Padre Josimo. Calendários da Guerra de Canudos, de operários no 1º de Maio. E ainda fotos, pequenas lembranças e artefatos populares, em meio a estatuetas de prêmios recebidos.

O seu compromisso com as causas populares extrapola as fronteiras do país. Em 1994, dom Pedro apoiou a revolta de Chiapas, no México, afirmando que quando o povo pega em armas deve ser respeitado e compreendido.
Em 1999, publicou a Declaração de Amor à Revolução Total de Cuba. Fala com convicção da importância da unidade latino-americana, idealizada por Simon Bolívar (1783-1830) e defendida pelo ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez (1954-2013).

“Eu dizia que o Brasil era pouco latino-americano, a língua comum dos povos castelhanos fez com que o Brasil se sentisse um pouco à parte do resto”, diz dom Pedro. “Por outro lado, o Brasil tem umas condições de hegemonia que provocava nos outros povos uma atitude de desconfiança. Hugo Chávez fez uma proposta otimista, militante, apelando para o espírito de Bolívar, com isso se conseguiu vitórias interessantes, como impedir a vitória da Alca.”

Ele recorda de um encontro com o ex-presidente brasileiro. “Quando Lula esteve na assembleia da CNBB, estávamos nos despedindo, ele se aproximou de mim e me deu um abraço. E eu falei, vou te pedir três coisas. Primeiro, que não nos deixe cair na Alca, segunda, que não nos deixe cair na Alca, terceira, que não nos deixe cair na Alca. Só te peço isso”, conta, em referência a Área de Livre Comércio das Américas, ícone do neoliberalismo.

“E realmente não entramos na Alca. Porque a América Latina tem de se salvar continentalmente, temos histórias comuns, os mesmos povos, as mesmas lutas, os mesmos carrascos. Os mesmos impérios sujeitando-nos, uma tradição de oligarquias vendidas. Tem sido sempre assim. Começavam com o império, o que submetia as oligarquias locais. Os exércitos e as forças de segurança garantiam uma segurança interesseira. Melhorou, inclusive os Estados Unidos não têm hoje o poder que tinham com respeito ao controle da América Latina. Somos menos americanos, para ser mais americanos.”

Esperança e diálogo


É preciso de todo jeito salvar a esperança, defende dom Pedro. “Insistir nas lutas locais, frente à globalização. Se somar as reivindicações, sentir como próprios, as lutas que estão acontecendo nos vários países da América Latina. El Salvador, Uruguai, Bolívia, Equador... Claramente são países muito próximos nas lutas sociais.”

Há tempos dom Pedro Casaldáliga não concede entrevistas pela dificuldade que tem encontrado em conciliar a agilidade do raciocínio com o tempo possível da articulação das palavras. A ajuda de José Maria, seu amigo e conterrâneo, foi fundamental para a compreensão das pausadas e esforçadas falas, enquanto discorria sobre assuntos por ele escolhidos.

Otimista  com a atuação do papa Francisco, ressalta que “ele fez gestos emblemáticos, muito significativos”. “A Teologia da Libertação se sentiu respaldada por ele. Tem valorizado as Comunidades Eclesiais de Base, com o objetivo de uma Igreja pobre para os pobres. Estimulou o diálogo com outras igrejas... Chama a atenção nele o diálogo com o mundo muçulmano e com o mundo judeu, e agora essa visita a Israel... Muito significativa. Desmantelou todo o aparato eclesiástico, seus colaboradores tiveram de se adaptar.”

Ele reconhece as limitações que o sistema político impõe à atuação do governo, que segundo dom Pedro tem “um pecado original”: as alianças. “Quando há alianças, há concessões e claudicações. Enquanto esses governos todos se submeterem ao capitalismo neoliberal teremos essas falhas graves. A política será sempre uma política condicionada. Tanto o Lula como a Dilma gostariam de governar a serviço do povo mesmo, mas as alianças fizeram com que os governos populares estivessem sempre condicionados”. Para ele, deve haver uma “atitude firme, quase revolucionária”, em relação a temas como saúde, educação e comunicação.

Morto em março do ano passado, o ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez é lembrado com determinação pelo religioso. “Ele tentou romper, rompeu o esquema. Por isso, a direita faz questão de queimar, queimar mesmo, a Venezuela. Nos diários e noticiários, a cada dia tem de aparecer alguma coisa negativa da Venezuela”.
Direitos indígenas x ruralistas

Ele aponta a “atualidade” da causa indígena, e as ameaças que não cessam. “Nunca como agora, se tem atacado tanto. Tem várias propostas para transformar a política que seria oficial, pela Constituição de 1988, que reconhece o direito dos povos indígenas de um modo muito explícito. Começam a surgir propostas para que seja o Congresso quem defina as demarcações das terras indígenas, sendo assim já sabemos como será a definição. A bancada ruralista é muito grande...”, observa dom Pedro.

Por outro lado, prossegue, nunca os povos indígenas se organizaram como agora. E o país criou uma “espécie de consciência” em relação a essa causa. “Se querem impedir que haja uma estrutura oficial com respeito à política indígena, tentam suprimir  organismos que estão a serviço dessas causas. Isso afeta os povos indígenas e o mundo rural.
Tudo isso é afetado pelo agronegócio, o agronegócio é o que manda. E manda globalmente. Não é só um problema do Mato Grosso, é um problema do país e do mundo todo. As multinacionais condicionam e impõem.

“A retomada da TI Marãiwatsédé é bonita e emblemática. Os Xavante foram constantes em defender os seus direitos. Quando foram expulsos, deportados – esta é a palavra, eles foram deportados –, seguiram vinculados a esse terreno, vinham todos os anos recolher pati, uma palmeira para fazer os enfeites. E reivindicavam sempre a terra onde estão enterrados nossos velhos.
E foram sempre presentes”, testemunha. “Aqui, nós sempre recordamos que essa terra é dos Xavante, que esta terra é dos Xavante. Os moradores jovens, meninos, outro dia diziam – nossos vovôs contam que essa terra é dos índios, nossos papais contam que essa terra é dos índios.”

A essa altura, dom Pedro lembra de “momentos difíceis” em que o Cimi se vê obrigado a contestar certas ações do governo.
“Quando se diz que não há vontade política pelas causas indígenas, eu digo que há uma vontade contrária ao direito dos povos indígenas, isso é sistemático. A Dilma, eu não sei se se sentisse um pouco mais livre, respaldaria as causas indígenas. Alguns pensam que ela pessoalmente não sintoniza com a causa indígena. Tem sido criticada porque nunca recebeu os índios".
"Faz pouco foi o primeiro encontro com um grupo. Todos esses projetos de Belo Monte, as hidrelétricas. Se ela tem uma política desenvolvimentista, ela tem de desrespeitar o que a causa indígena exige: em primeiro lugar seria terra, território, demarcação, desintrusar os invasores. Seria também estimular as culturas indígenas e quilombolas”, diz, sem meio-termo. “Se você está a favor dos índios, você está contra o sistema. Não adianta colocar panos quentes aí.”

Dom Pedro defende a presença de sindicatos, mas critica o movimento. “Eles são a voz dessas reivindicações todas dos povos indígenas, do mundo operário. Na América Latina, estiveram muito bem os sindicatos, ultimamente vêm falhando bastante. Foram cooptados. Quando se vê um líder sindicalista transformado em deputado, senador, ele se despede”, afirma, vendo a Via Campesina como uma alternativa, por meio de alianças de grupos populares em vários países.

“Daí voltamos à memória de Hugo Chávez, que estimulou essa participação”, observa. “De ordinário acontece que antes as únicas vozes que os operários tinham eram o sindicato e o partido.
Nos últimos anos, tanto o partido como o sindicato perderam representatividade. Em parte foram substituídos por associações, alguns movimentos. Mas continuam sendo válidos. Os sindicatos e partidos são instrumentos conaturais a essas causas do povo operário, camponês.”

Para fazer campanha eleitoral, todo candidato operário a deputado, senador, tem de “claudicar” em algum aspecto, acredita dom Pedro.  “Por isso, é melhor que não se candidate.
Por outra parte, não se pode negar completamente a função dos partidos e dos sindicatos. Não é realista, ainda continuam sendo espaços que se deve preencher.”

Lúcido, Pedro conclui a conversa lembrando a frase de um soldado que lutava contra a ditadura franquista na Guerra Civil Espanhola: “Somos soldados derrotados de uma causa invencível”.

Descalço sobre a terra vermelha

A minissérie em dois capítulos de uma hora Descalço sobre a Terra Vermelha, baseada em livro homônimo do jornalista catalão Francesc (Paco) Escribano, é uma produção da TVE (Educativa da Espanha),  da TV3 da Catalunha, da produtora Minoria Absoluta, da TV Brasil e da produtora paulista Raiz Produções Cinematográficas. Descalço sobre a Terra Vermelha estreou na TV3 em março e está programada para ser exibida na TV Brasil no segundo semestre.

Trata da vida de dom Pedro Casaldáliga, desde sua chegada ao Brasil até sua visita ad Limina ao Vaticano, quando se apresentou ao Papa João Paulo II e ao conservador cardeal Joseph Ratzinger, então à frente da Congregação para a Doutrina da Fé, herdeira da Santa Inquisição, onde deveria explicar sua ação teológica a favor dos pobres e dos oprimidos.

O filme, uma belíssima e apurada produção, contou com a participação de mais de mil figurantes de povoados e das cidades de Luciara e São Félix do Araguaia, locais onde foram construídas verdadeiras cidades cenográficas, representando como eram esses lugares nos idos dos anos 1970.

Dirigido por Oriol Ferrer, tendo Eduard Fernández, premiado ator catalão, no papel de Casaldáliga, contou com um elenco de ótimos atores espanhóis e brasileiros.
Rodado como uma espécie de western teológico, retrata com grande força e sensibilidade a violência e tensão existentes, ainda  hoje, nos conflitos entre latifundiários, invasores de terras indígenas, posseiros e a ação pastoral da Prelazia de São Félix que, tendo dom Pedro à frente, desde sempre esteve ao lado dos despossuídos.

De acordo com a descrição que aparece no site da Minorita Absoluta, a série combina ação e misticismo “no cenário exuberante de Mato Grosso, em contraste com a paisagem humana e social chocante”.
A história de Pedro Casaldáliga se desenvolve “em torno de valores universais”, no contexto da teoria filosófica e teológica da libertação e da situação geopolítica dos anos 1970, na ditadura brasileira.
O jornalista e produtor executivo Francesc Escribano salienta que a produção se tornou “seu coração” para contar “uma história notável de um catalão universal”.

Durante o making of, impressionou como a historia e principalmente  o próprio dom Pedro teve impacto na vida de todos os envolvidos na produção.
Confirma a impressão que tive desde a primeira vez que viajei com ele, há mais de 30 anos: estar na sua presença é sentir-se na presença de um espirito muito elevado; sem exagero, um verdadeiro santo do povo.