terça-feira, 2 de outubro de 2012

MPF PEDE SUSPERNSÃO DO LICENCIAMENTO DA USUNA SÃO LUIZ DO TAPAJÓS

O Ministério Público Federal pediu hoje à Justiça Federal de Santarém que suspenda o licenciamento da usina hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, que o governo federal pretende instalar no rio Tapajós, no oeste do Pará. O licenciamento é irregular porque foi iniciado sem a consulta prévia aos povos indígenas e ribeirinhos afetados e sem as Avaliações Ambientais Integrada e Estratégica, obrigatórias no caso porque estão previstas outras seis grandes hidrelétricas na bacia do Tapajós.

Na ação, o MPF sustenta que não apenas os povos indígenas afetados como as populações ribeirinhas precisam ser consultadas antes da tomada de decisões, protegidos que são pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, da qual o Brasil é signatário. A bacia Tapajós integra mosaicos de áreas protegidas onde se localizam inúmeros territórios indígenas e unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável.

“Os povos indígenas e as populações tradicionais que habitam essas áreas estão ameaçados pela implantação das usinas do Complexo Tapajós. O estado brasileiro aprovou esses empreendimentos e deu início ao licenciamento, sem consultar as populações sobre os impactos em suas vidas”, narra a a ação, assinada pelos procuradores da República Fernando Alves de Oliveira Jr, Felipe Bogado e Luiz Antônio Amorim Silva.

Para o MPF, os procedimentos de consulta prévia determinados pela Convenção 169 tem que ser feitos antes de toda e qualquer decisão que possa interferir na vida dos povos afetados. “A consulta prévia deve ser feita pelos órgãos competentes para cada medida legislativa e administrativa sujeita a afetar as comunidades e seus territórios”, dizem os procuradores. Cada ato do licenciamento autorizado isoladamente vai gerando impactos sucessivos aos povos afetados.

Em recentes reuniões com o povo Munduruku, principal atingido pelas usinas do Tapajós, lideranças denunciaram que o simples anúncio dos projetos hidrelétricos já está provocando a invasão de garimpeiros ilegais, madeireiros e grileiros em terras indígenas. O MPF também recebeu relatos revoltados de indígenas sobre pessoas entrando nas terras indígenas para fazer pesquisas sem autorização das comunidades, extraindo coisas das matas.

Ou seja, a chegada dos pesquisadores contratados pelas empreiteiras para fazer Estudos de Impacto sem nenhuma consulta já causa danos e viola os direitos indígenas. A previsão de respeito aos direitos de propriedade cultural e imaterial dos índios consta até na última portaria do governo federal sobre o tema, a portaria interministerial nº 419/2012 que proíbe, durante os estudos, “a coleta de qualquer espécie nas terras indígenas”. O Ibama, no entanto, autorizou a captura, coleta e transporte de material biológico para o EIA da usina São Luiz do Tapajós, dentro das terras indígenas e áreas de uso tradicional dos ribeirinhos, o que revolta essas populações.

“O licenciamento da usina São Luiz do Tapajós, da forma como está sendo realizado, afronta o direito dos povos localizados na área. Entre os direitos desrespeitados, não está apenas a ausência de consulta prévia aos povos indígenas, mas também a violação de áreas sagradas, relevantes para as crenças, costumes, tradições, simbologia e espiritualidade desses povos indígenas, o que é protegido constitucionalmente”, diz a ação do MPF.

Avaliações ambientais

“São Luiz do Tapajós integra um complexo de usinas (estão previstas outras seis). No entanto, não foram realizadas Avaliação Ambiental Integrada (AAI) e Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) dos impactos sinérgicos decorrentes dos empreendimentos hidrelétricos”, diz o MPF na ação judicial.

Esses dois tipos de Avaliação Ambiental estão previstos na legislação ambiental brasileira e são requisitos necessários para a autorização de vários empreendimentos em uma única bacia hidrográfica. “A ausência de estudos detalhados sobre os impactos que todas as hidrelétricas podem gerar a partir de seu funcionamento conjunto implica a incerteza quanto às consequências ambientais e sociais da implantação de tais empreendimentos, ainda mais se for considerado que tais consequências poderão ser irreversíveis”, sustenta o MPF

A ação cita acórdão do Tribunal de Contas da União que apoia o uso da Avaliação Ambiental Estratégica, tendo em vista “a pouca articulação do segmento ambiental com o segmento de planejamento, dificultando a realização de um planejamento integrado e ambientalmente sustentável; e a percepção equivocada de que só o licenciamento é suficiente para dar cabo aos problemas ambientais causados por políticas, planos e programas”

Íntegra da ação: http://www.prpa.mpf.gov.br/news/2012/arquivos/ACP%20Consulta%20Previa.pdf

TRATOR APRENDIDO PO EXTRAÇÃO ILEGAL DE MADEIRA É ROUBADO DO INCRA NO PARÁ

Segundo o Incra, seis homens invadiram fazenda e roubaram a máquina.Trator era usado para extração ilegal de madeira em reserva de Anapu.

Em uma ação violenta, um grupo de homens roubou um trator apreendido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Anapu, sudoeste paraense. As informações foram divulgadas neste domingo (30) pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Segundo o coordenador do do posto avançado do Incra em Anapu, Fagner Garcia, na última terça (25), seis homens, que chegaram de caminhão, teriam invadido a fazenda Frupasa, localizada a 40 km da Transamazônica, para onde haviam sido levados os quatro tratores apreendidos pelo Ibama em operação realizada no dia 24, na área de reserva no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Virola-Jatobá. O grupo enfrentou o gerente da fazenda e conseguiu levar do local uma das máquinas apreendidas. "Esse fato reforça nosso temor de que o mesmo tipo de ação seja praticada para reaver as máquinas depositadas no PDS Virola-Jatobá", declara o coordenador.

As máquinas eram usadas para extração ilegal de madeira na reserva florestal. Após denúncia de agricultores assentados no PDS Virola Jatobá, o Incra identificou dezoito trabalhadores e sete tratores envolvidos na derrubata de árvores no local. O Ibama foi acionado, mas quando chegou, apenas quatro tratores estavam na área e foram recolhidos pelo órgão. De acordo os fiscais do Ibama, cerca de 300 árvores de 10 espécies diferentes teriam sido cortadas.

Entenda o caso
Anapu ficou conhecida internacionalmente pelos conflitos de terra. Em 2005, a missionária Dorothy Stang foi assassinada no município ao defender planos de manejo sustentáveis no PDS Esperança, vizinho do PDS Virola Jatobá, onde ocorreu a apreensão das máquinas pesadas.

Fonte: G1-PA