sábado, 9 de janeiro de 2016

Francisco adverte a Igreja contra “enganar a si mesma” ao pensar que opera sob o seu próprio poder

Sexta, 08 de janeiro de 2016                
O Papa Francisco novamente clamou por uma Igreja Católica global que seja missionária em todos os seus aspectos, dizendo que ela tem uma obrigação junto aos que estão à espera para aprender sobre Cristo e que podem estar necessitados de uma mensagem de misericórdia e paz.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada por National Catholic Reporter, 06-01-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

O pontífice também advertiu os religiosos a não pensarem que a religião atrai as pessoas com o seu próprio poder, enfatizando que “a Igreja não pode se enganar em pensar que ela brilha com a sua própria luz”.

Em uma homilia durante a missa em que se celebrou a Festa da Epifania, Francisco refletiu sobre a história da estrela que se diz ter atraído os Três Reis Magos a se colocarem a viajar para adorar o Menino Jesus em Belém.

Ele fez referência a uma metáfora de Santo Ambrósio, do século IV, que apresenta uma Igreja que reflete a luz de Deus como a luz reflete o sol.
“Cristo é a luz verdadeira, que ilumina; e a Igreja, na medida em que permanece ancorada n’Ele, na medida em que se deixa iluminar por Ele, consegue iluminar a vida das pessoas e dos povos”, disse o pontífice.

“Anunciar o Evangelho de Cristo não é uma opção que podemos fazer entre muitas, nem é uma profissão”, continuou.
“Para a Igreja, ser missionária não significa fazer proselitismo”, disse. “Para a Igreja, ser missionária equivale a exprimir a sua própria natureza: isto é, ser iluminada por Deus e refletir a sua luz”.
“Este é o seu serviço”, disse o papa. “Não há outra estrada. A missão é a sua vocação: resplandecer a luz de Cristo é o seu serviço”.
“Quantas pessoas esperam de nós este serviço missionário, porque precisam de Cristo, precisam de conhecer o rosto do Pai?”, perguntou.

Francisco estava falando na quarta-feira (6 de jan.) durante a Solenidade da Epifania na Basílica de São Pedro, celebrada pelos católicos todos os anos nesse mesmo dia para comemorar a visita dos Três Reis Magos ao Jesus recém-nascido. O pontífice disse que a história dos três reis gentios a visitar o menino judeu evidencia o desejo divino de superar toda e qualquer divisão na humanidade.

“Os Magos (…) são um testemunho vivo de como estão presentes por todo lado as sementes da verdade, pois são dom do Criador que, a todos, chama a reconhecê-Lo como Pai bom e fiel”, disse ele.

“Os Magos representam as pessoas, dos quatro cantos da terra, que são acolhidas na casa de Deus”, continuou. “Na presença de Jesus, já não há qualquer divisão de raça, língua e cultura: naquele Menino, toda a humanidade encontra a sua unidade”.

Ao falar sobre como a aparição da estrela no céu escuro havia instado os reis a saírem em busca do Menino Jesus, Francisco falou que a Igreja “tem o dever de reconhecer e fazer surgir, de forma cada vez mais clara, o desejo de Deus que cada um traz dentro de si”.

“Como os Magos, ainda hoje, há muitas pessoas que vivem com o ‘coração inquieto’, continuando a questionar-se sem encontrar respostas certas”, declarou. “Também elas andam à procura da estrela que indica a estrada para Belém.

“Sigamos a luz que Deus nos oferece, pequenina!”, exortou o pontífice. “A luz que irradia do rosto de Cristo, cheio de misericórdia e fidelidade”.

“E, quando chegarmos junto d’Ele, adoremo-Lo com todo o coração e ofereçamos-Lhe de presente a nossa liberdade, a nossa inteligência, o nosso amor”, pediu o papa. “[Reconheçamos que] A verdadeira sabedoria se esconde no rosto deste Menino”.

“É aqui, na simplicidade de Belém, que a vida da Igreja encontra a sua síntese”, disse Francisco.

“Aqui está a fonte daquela luz que atrai a si toda a pessoa no mundo e orienta o caminho dos povos pela senda da paz”.

Francisco também fez breves comentários nesse mesmo dia depois de rezar o Angelus com os peregrinos na Praça de São Pedro marcada por uma leve garoa.

Em sua reflexão aqui, o papa disse que os cristãos de hoje podem encontrar um “grande consolo” na cena dos Reis Magos junto à estrela natalina, dizendo que aí se vê que somos guiados por Deus, não estando abandonados à nossa própria sorte.

Porém o pontífice disse que a experiência dos reis também “exorta-nos a não nos contentarmos com a mediocridade, a não ‘ir vivendo’, mas a procurar o sentido das coisas, a perscrutar com paixão o grande mistério da vida. E ensina-nos a não nos escandalizarmos com a pequenez e a pobreza, mas a reconhecer a majestade na humildade”.

A missa de quarta-feira foi a segunda celebração em uma série de eventos papais a marcar o período de Natal, que irá acabar no domingo com a celebração da Festa do Batismo de Jesus. Francisco marcará esta ocasião com uma missa na Capela Sistina, onde também vai batizar várias crianças.

Os músicos que fizeram parte da missa de quarta-feira incluíam membros do coro arquidiocesano da Arquidiocese de Detroit, que foram convidados a se juntar ao Coro da Capela Sistina para o dia festivo.

NOTA DO MST SOBRE A OCUPAÇÃO IRREGULAR DE LOTES NA REFORMA AGRARIA

A TERRA SÓ DEVE SER DESTINADA A QUEM PRODUZ ALIMENTOS SAUDÁVEIS
DEPOIS DE UM PERÍODO DE RECUPERAÇÃO DE ENERGIAS, ESTOU VOLTANDO A DISPONIBILIZAR NOTÍCIAS E TEXTOS DE REFLEXÃO CRÍTICA QUE AJUDEM AO AVANÇO DA DEMOCRACIA COM JUSTIÇA EM TODAS AS DIMENSÕES DA VIDA.

ESTÁ SENDO BOM  RECOMEÇAR COM ESTA NOTA DO MST SOBRE NOTÍCIA DIVULGADA PELO FANTÁSTICO SOBRE OCUPAÇÃO IRREGULAR DE LOTES DE REFORMA AGRÁRIA. VALE A PENA APOIAR AS PROPOSTAS ELENCADAS, JÁ QUE ELAS VISAM ESTIMULAR A VIGILÂNCIA DOS ÓRGÃOS EM RELAÇÃO AOS DIVERSOS TIPOS DE OCUPAÇÃO E GRILAGENS, BEM COMO AO USO DE "LARANJAS", COBRANDO AÇÕES NO SENTIDO DE QUE TODA A TERRA SEJA DESTINADA A QUEM REALMENTE PRODUZ ALIMENTOS SAUDÁVEIS. E SUGEREM TAMBÉM QUE A GLOBO SEJA DE FATO VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO, ABANDONANDO SE VIÉS DE CLASSE AO DAR NOTÍCIAS... 


NOTA DO MST SOBRE A OCUPAÇÃO IRREGULAR DE LOTES NA REFORMA AGRARIA
 
Ontem, 3 de janeiro, o programa de televisão Fantástico,  da     GLOBO,  denunciou a posse e a venda irregular de lotes da Reforma Agraria.

A reportagem utilizou como base a investigação e o relatório finalizado pela CGU (Controladoria Geral da União), envolvendo casos desde o ano de 2000.
 
Para a CGU, há 76 mil lotes ocupados irregularmente nos processos de assentamentos da Reforma Agraria - cerca de 8% do total. Do total 38 mil foram usurpados por  funcionários públicos, em casos que envolvem até mesmo um delegado da Policia Federal e um Procurador Geral do estado do Acre. Há lotes em nome de  8.519 menores de idade, uma pratica que revela a manipulação para aumentar o tamanho da área de uma mesma família, acima do modulo rural permitido pela lei. Não faltam casos de empresários, precisamente  7.872, que burlaram a lei de Reforma Agrária para acumular terras.  E, há,  ainda, 271 casos de políticos que se apropiaram indevidamente de terras que deveriam ser destinadas à Reforma Agraria para o assentamento de  famílias de sem-terras.
Sobre essas denuncias o MST esclarece ao povo brasileiro:
 
a)     Parabenizamos a iniciativa da CGU (Controladoria Geral da União) pela coragem de investigar e denunciar as irregularidades no programa de Reforma Agrária, muitas cometidas com a conivência de alguns  funcionários públicos corruptos. Uma prática que se perpetua em todos os governos, inclusive os da ditadura militar e que devem ser permanentemente coibidas.
 
b)    Da mesma forma, é saudável e imprescindível  a decisão da atual diretoria do INCRA em retomar todos os lotes e redistribui-los às famílias acampadas de  trabalhadores  rurais sem terras. Esperamos que o faça imediatamente e não com a costumeira letargia causada por entraves políticos e jurídicos.
 
c)     O MST defende titulação dos lotes da Reforma  Agrária como  Concessão Real de Uso,  com direito a hereditariedade, como está previsto na Constituição Federal.  Essa modalidade de titulação impediria o comercio da compra e venda dos lotes destinados à Reforma Agrária. É necessário que o governo tenha a coragem de adotar esse instituto constitucional imediatamente.
 
d)    O MST, tendo conhecimento de casos de irregularidades nos assentamentos, como os denunciados pelo relatório da CGU, apresenta-os  às autoridades e cobra providencias imediatas para assegurar que a terra esteja em mãos de que nela trabalha e produz alimentos.  
 
Propomos, ainda, à CGU:
 
a) Que faça um levantamento minucioso sobre as terras publicas distribuídas, quando não griladas, por grandes fazendeiros e empresários, em projetos de colonização ou de regularização fundiária, especialmente na região amazônica.    Estas propriedades deveriam respeitar a função social da terra (CF/1988).
 
b) Que faça um levantamento sobre as propriedades rurais compradas  por brasileiros laranjas de empresas estrangerias, para burlar a lei.   Recentemente o MST ocupou uma fazenda  1.400 ha, em São Lourenço/RS, de uma empresa chinesa, acobertada por esta pratica de usar testas-de-ferro. Até hoje nenhuma medida concreta foi adotada pelo governo.  Há dezenas de casos de usinas de açúcar/álcool falidas, com imensas áreas de terras agrícolas,  compradas pelo capital estrangeiro, sendo desnacionalizadas e burlando a lei. 
 
c) Que faça um levantamento sobre todos os projetos de perímetros irrigados, na região nordeste, sob a coordenação do  Ministério da Integração/Dnocs. São corriqueiras as denuncias, nessas regiões, que existem mais de 80 mil lotes   vagos ou ocupados irregularmente por empresários. Comprovadas as irregularidades, exigimos que esses lotes irrigados sejam imediatamente distribuídos para o assentamento das famílias de trabalhadores rurais sem terras acampadas na região.
d) Que retome a imediatamente a posse das terras  pertencentes à União que foram irregularmente apropriadas e usadas pela  empresa CUTRALE,  no município de Iaras/SP.
 
e)   Que a  Procuradorias Geral  dos estados, e outros órgãos competentes, investiguem a distribuição de terras publicas estaduais, em especial nos estados da Amazônia Legal, aonde tem ocorrido denuncias sistemáticas de distribuição dessas terras apenas à já latifundiários, políticos e empresários. 
 
Por último, será salutar à democracia brasileira se o jornalismo da Rede Globo se despir do seu partidarismo político, de viés sempre anti-social e anti-nacional, e contemplar em suas reportagens os casos irregularidades envolvendo os grandes proprietários rurais, o agonegócio e, até mesmo, os casos de sonegação fiscal, que não se restringem ao mundo rural.
 
O MST  apoia e contribuirá com as autoridades para que todas as injustiças e irregularidades cometidas sejam investigadas e, sendo comprovadas, sejam punidas.  Na questão da Reforma Agrária, continuaremos lutando para que as terras brasileiras sejam destinadas ao assentamento das famílias de trabalhadores rurais para, prioritariamente, produzir alimentos saudáveis. 
 
São Paulo, 4 de janeiro de 2016
Direção nacional do MST

SANEAMENTO É RECONHECIDO COMO UM DIREITO HUMANO

Nova resolução destaca a situação das mais de 2,5 bilhões de pessoas que vivem sem acesso a banheiros e sistemas de esgoto adequados no mundo todo. Falta de saneamento básico favorece proliferação de doenças infecciosas.

Uma nova resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, adotada em dezembro (17), reconheceu o saneamento básico como um direito humano separado do direito à água potável. A decisão pretende chamar a atenção para a situação das mais de 2,5 bilhões de pessoas que vivem sem acesso a banheiros e sistemas de esgoto adequados no mundo todo.

De acordo com o relator especial da ONU sobre os direitos humanos à água potável e ao saneamento básico, o brasileiro Léo Heller, a deliberação “dá para as pessoas uma percepção mais clara do direito (ao saneamento), fortalecendo sua capacidade de reivindicá-lo quando o Estado falha em prover os serviços ou quando eles não são seguros, são inacessíveis ou sem a privacidade adequada”. A resolução da Assembleia reconheceu a natureza distinta do saneamento em relação à água potável, embora tenha mantido os direitos juntos.

Para Heller, a ausência de estruturas sanitárias adequadas tem um ‘efeito dominó’, prejudicando a busca e o desfrute de outros direitos humanos, como o direito à saúde, à vida e à educação. A falta de saneamento favorece a transmissão de doenças infecciosas, como cólera, hepatite e febre tifoide. Segundo estudo recente realizado pela ONU, somadas as abstenções escolares de todos os alunos no mundo, problemas ligados à falta de saneamento e água fazem com que 443 milhões de dias letivos sejam perdidos todos os anos.

“Espera-se que a resolução da Assembleia tenha um impacto direto para as mulheres, crianças, pessoas com deficiência e indivíduos e grupos marginalizados que, atualmente, não têm acesso a saneamento. E uma oportunidade de destacar suas dificuldades”, disse Heller.