quarta-feira, 6 de abril de 2011

Ministérios Públicos Federal e do Estado Estudam Pedido de Paralisação do Projeto

Insatisfação das Comunidades de Juruti Velho Pode Levar à Suspensão das Atividades da Alcoa

Ministérios Públicos Federal e do Estado estudam pedido de paralisação do projeto Cerca de 400 moradores da Vila de Juruti Velho participaram hoje (3/5) da II Audiência Pública promovida na região pelo Ministério Público do Estado e Ministério Público Federal, para apurar os efeitos dos impactos diretos da instalação do projeto de mineração da empresa Alcoa para exploração de bauxita no município. A primeira audiência foi realizada ontem em Juruti. Mais uma vez a insatisfação com a empresa foi grande, chegando ao ponto de lideranças locais ameaçarem reunir homens para invadir o canteiro de obras da Alcoa na regiã
o, onde será instalada a mina de extração da bauxita.

Os dois Ministério Públicos, Estadual e Federal, já estudam a possibilidade de pedir a paralisação do projeto, pois durante as audiências realizadas nos dias 02 e 03 de maio foram relatadas denúncias de desmatamento em áreas não autorizadas dentro do Projeto de Assentamento Agroextrativista Juruti Velho.

Diante desse problema, o presidente da Associação das Comunidades da Região de Juruti Velho - Acorjuv, Gerdeonor Pereira dos Santos, pediu ação conjunta dos dois Ministérios Públicos e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para demarcar o mais rápido possível a área de assentamento. Outro problema trazido para a discussão pela comunidade foi a invasão dos lotes dos agricultores por homens a serviço da Alcoa.

Uma outra questão é a que aflige os moradores mais próximos da área da mina, cerca de 1 km dos platôs. Eles temem o remanejamento, embora haja a garantia da empresa de que isso não vá acontecer. Essas comunidades vivem de coleta da castanha, pesca e caça. O desmatamento, o barulho das obras e a poluição das águas já estão afetando a subsistência dessas famílias. "Nós não queremos mais nenhuma árvore cortada, nenhum bicho deslocado e que nenhuma comunidade sofra por causa disso", exigiu irmã Brunhilde Henneberg, da Ordem Franciscana de Maristela, que vive na Amazônia há mais de 30 anos.

Durante a audiência em Juruti Velho, o Incra de Santarém, por meio do engenheiro agrônomo Marcial Cano Mota, coordenador responsável pela análise dos impactos do projeto sobre os assentamentos, pediu oficialmente, por meio de documento, aos dois Ministérios Públicos, a suspensão da licença para instalação do projeto da Alcoa, o que será analisado pelos promotores de justiça Raimundo Moraes e Gianne Pauxis Figueiredo e pelo Procurador da República Daniel Azeredo Avelino, presentes nas duas reuniões. A audiência que começou às 10h, se estendeu até às 17h.


Assessoria de Comunicação do MPF

Arquivo: 2007

Transnacional Alcoa Muda Vida das Comunidades de Juruti Velho (PA)

Transnacionais: a atuação da Alcoa

23 de outubro de 2007


Por Juliano Domingues

O caso da transnacional Alcoa, que atua na região de Juruti Velho Oeste do Pará, desde 2002, é mais um exemplo do capital internacional atuando no Brasil sem nenhuma responsabilidade com o meio ambiente e com a população que vive nos locais onde este se instala.
A Alcoa, umas das líderes mundiais na produção de alumínio, fixou-se na região com a intenção de explorar a grande quantidade do minério Bauxita existente no local, fato que mudou a realidade das comunidades que vivem em Juruti Velho.
Em entrevista, o promotor de justiça Túlio Novaes, afirma que a licença ambiental concedida à empresa não poderia ter sido dada, pois considerou somente aspectos geológicos e ecológicos, deixando de lado uma avaliação dos impactos sociais e econômicos que estão gerando graves problemas para as comunidades de Juriti Velho.

Entrevista publicada originalmente na Radioagencia NP

O que aconteceu quando a empresa chegou na região?

Túlio Novaes: A empresa quando chegou na Região de Juruti, ela desestruturou completamente a vida social e econômica daquelas pessoas, os produtos e o custo de vida em modo geral aumentou estupidamente pois foi nivelado conforme o poder aquisitivo dessas pessoas que vieram de fora, um poder aquisitivo muito alem do que é evidenciado para as pessoas tradicionais do local. Não é só isso, em Juriti Velho as construções dessas obras infra-estruturais da empresa causaram um impacto ambiental e social.

Quais foram os impactos ambientais e sociais?

Túlio Novaes: Áreas imensas foram completamente devastadas com autorização formal do Estado. Nós temos notícias que madeiras foram enterradas em vez de serem doadas para os comunitários. A circulação desses comunitários em Juruti Velho, nos seus locais tradicionais de coletas foi prejudicada porque a empresa inviabilizava até mesmo essa circulação. A limpeza da floresta a derrubada da floresta deixou o solo nu e sujeito as interperes climáticas. Então realmente a realidade dessas comunidades ficou prejudicada.

Quais outros responsáveis por tudo isso alem da empresa?

Túlio Novaes: O Estado também é responsável. O Estado tem que exercer seu poder fiscalizatório, seu poder de polícia. Essas liberações não podem ser concedidas à torta e à direita, elas devem ter um critério técnico rigorosíssimo para que elas ocorram, os critérios políticos devem ser os últimos detalhes a serem evidenciado. O critério deve ser técnico, as comunidades devem ser ouvidas antes das concessões dessas licenças.

Qual o interesse do Estado em liberar a concessão?

Túlio Novaes: De fato você tem uma questão econômica muito grande. A Alcoa aqui na região vai produzir alumínio, existe expectativa econômica muito grande. Existem questões que são cogitadas, questões políticas que não estão evidenciadas, que não é objeto agora do trabalho. O Ministério Público Estadual juntamente com o Ministério Público Federal estão inicialmente preocupados e querem que essas atividades parem, que sejam bloqueadas e que a licença seja cancelada, estamos com uma ação judicial correndo. Mas de fato existem interesses dos mais diversos possíveis.

·                     Entrevistas
·                     Projeto Popular

Fonte: http://www.mst.org.br/node/4867

Incra Concede 1º Título Coletivo a Populações Tradicionais na Amazônia

Publicado em por lgcorporativo


Pela primeira vez, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) concede um título coletivo a populações tradicionais da Amazônia. A entrega do documento ocorreu neste domingo (30) ao Projeto Agroextrativista (PAE) Juruti Velho, localizado no Município de Juruti (PA), no Oeste do Pará. A solenidade que marcou o ato aconteceu na sede do assentamento, com a presença de gestores do Incra, da Prefeitura de Juruti, do Governo do Estado do Pará e de comunitários. A titulação do PAE Juruti Velho – assentamento criado em 2005 – foi realizada por meio de um Contrato de Concessão de Direito Real de Uso (CCDRU), assinado pelo superintendente regional do Incra no Oeste do Pará, Luciano Brunet, e pelo presidente da Associação das Comunidades da Região de Juruti Velho (Acorjuve), Gerdeonor Pereira. “Chegamos a um ponto culminante após uma longa luta dos tradicionais que vivem e trabalham na região de Juruti Velho, reconhecendo que eles são os donos desta terra”, afirma o superintendente Luciano Brunet. Ele informa que o título beneficia 45 comunidades na região, onde estão cerca de duas mil famílias cadastradas como clientes de reforma agrária. Juruti Velho fica a cerca de três horas de barco da sede do Município de Juruti. A região é habitada secularmente por famílias que possuem um histórico de organização social e de uso sustentável da floresta, com o desenvolvimento de atividades de baixo impacto ambiental, como a pesca artesanal, a produção de farinha e a coleta de castanha.
Segurança Para as Atuais e as Futuras Ggerações
“Há muitos anos, lutamos pela titulação. Agora, podemos dizer para qualquer um que estas terras são nossas, de fato e de direito. A titulação significa segurança não só para nós, hoje, mas para as futuras gerações, que já estarão dentro de um processo legal”, destaca o presidente da Acorjuve, Gerdeonor Pereira. De acordo com o CCDRU, as famílias assentadas dispõem de 93.831 hectares, “considerando-se a área do projeto como território coletivo e a modalidade de exploração coletiva e individual, observando-se o limite de respeito tradicionalmente e historicamente vivenciado e aceito entre as famílias tradicionais que habitam o território”.
Marco Legal O superintendente substituto do Incra no Oeste do Pará, Dilton Tapajós, aponta as peculiaridades da titulação realizada no PAE Juriti Velho. “Para as comunidades tradicionais da Amazônia, representa a concretização de um documento especial que garante território, as riquezas naturais e o fortalecimento das entidades que as representam”, avalia o superintendente substituto. Tapajós acrescenta que a titulação também assegura os direitos decorrentes da implantação de projetos de mineração em áreas de assentamento, como a indenização por danos e prejuízos, a renda pela ocupação do território e a participação nos resultados da lavra. No caso de Juruti Velho, o CCDRU entra como fator determinante no processo de negociação que a comunidade mantém com uma empresa mineradora que está se instalando em Juruti.
Preservação Ambiental Aliada à destinação da terra, o Incra estabelece no título cláusulas que preveem o desenvolvimento sustentável. A partir da assinatura do CCDRU, os comunitários comprometem-se formalmente a preservar e, se for o caso, restaurar os bens naturais e os sítios ecológicos que representam patrimônio ambiental, bem como as áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal (RL).

Duas mil famílias do Projeto Agroextrativista (PAE) Juruti Velho Receberam o Título Coletivo...

 01 de Setembro de 2009
Duas mil famílias do Projeto Agroextrativista (PAE) Juruti Velho receberam no último domingo (30) o título coletivo da área de 93.831 hectares. É a primeira vez que o Incra concede o documento coletivo a populações tradicionais da Amazônia. A entrega ocorreu no próprio assentamento, localizado no município de Juruti, no Oeste do estado Pará.

A solenidade na sede do assentamento, contou com a presença de gestores do Incra, da Prefeitura de Juruti, do Governo do estado do Pará e da comunidade.

A titulação do PAE Juruti Velho " assentamento criado em 2005 " foi concedida por meio de um Contrato de Concessão de Direito Real de Uso (CCDRU), assinado pelo superintendente regional do Incra no Oeste do Pará, Luciano Brunet, e pelo presidente da Associação das Comunidades da Região de Juruti Velho (Acorjuve),

Gerdeonor Pereira. Chegamos a um ponto culminante após uma longa luta dos tradicionais que vivem e trabalham na Região de Juruti Velho, reconhecendo que eles são os donos desta terra, declarou Brunet. O título beneficia 45 comunidades na região, onde estão cerca de duas mil famílias cadastradas como clientes de reforma agrária.

Juruti Velho fica a cerca de três horas de barco da sede do Município de Juruti. A região é habitada secularmente por famílias que possuem um histórico de organização social e de uso sustentável da floresta, com desenvolvimento de atividades de baixo impacto ambiental, como a pesca artesanal, a produção de farinha e a coleta de castanha.

Segurança Para as Atuais e as Futuras Gerações

Há muitos anos, lutamos pela titulação. Agora, podemos dizer para qualquer um que estas terras são nossas, de fato e de direito. A titulação significa segurança não só para nós, hoje, mas para as futuras gerações, que já estarão dentro de um processo legal, destaca o presidente da Acorjuve, Gerdeonor Pereira.

De acordo com o contrato, as famílias assentadas dispõem de 93.831 hectares. O texto considera a área do projeto como território coletivo e assegura que a exploração leve em conta a organização histórica das famílias. ...considerando-se a área do projeto como território coletivo e a modalidade de exploração coletiva e individual, observando-se o limite de respeito tradicionalmente e historicamente vivenciado e aceito entre as famílias tradicionais que habitam o território.

Marco legal para a Amazônia

O superintendente substituto do Incra no Oeste do Pará, Dilton Tapajós, aponta as peculiaridades da titulação realizada no PAE Juriti Velho. ?Para as comunidades tradicionais da Amazônia, representa a concretização de um documento especial que garante território, riquezas naturais e fortalecimento das entidades que as representam.

Tapajós acrescenta que a titulação também assegura os direitos decorrentes da implantação de projetos de mineração em áreas de assentamento, como a indenização por danos e prejuízos, a renda pela ocupação do território e a participação nos resultados da lavra. No caso de Juruti Velho, o CCDRU entra como fator determinante no processo de negociação entre a comunidade e uma empresa mineradora que está se instalando no PAE.

Preservação Ambiental

Aliada à destinação da terra, o Incra estabelece no título cláusulas que preveem o desenvolvimento sustentável. A partir da assinatura do CCDRU, os comunitários comprometem-se formalmente a preservar e, se for o caso, restaurar os bens naturais e os sítios ecológicos que representam patrimônio ambiental, bem como as áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal (RL)

Alcoa em Juruti: Mais Um Crime Contra a Humanidade

11.02.09 - Brasil
Raimundo Gomes da Cruz Neto
Presidente do Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular (Cepasp)

Adital

Alcoa Inc., empresa norteamericana que atua no Brasil há mais de quarenta anos, com projetos de redução de alumínio em Poços de Caldas (MG) e São Luis (MA), com participação no consórcio para construção da barragem de Estreito, no rio Tocantins (MA/TO), e a partir do ano de 2003 está se instalando em Juruti (PA) para extração de bauxita, com possibilidade de implantação de usinas para produção de alumina e alumínio. Atua na transformação da bauxita em consórcio com a Alumar e BHP Billinton. É a segunda maior fábrica de metal primário da América Latina, com a produção anual de 440 mil toneladas de lingotes. No mundo opera com 228 empreendimentos em 32 países.
Juruti, município localizado no Oeste do Estado do Pará, na margem direita do rio Amazonas, na mesoregião do baixo amazonas e microregião de Óbidos, que até o ano de 2000 tinha uma população de 31 mil habitantes, sendo 60% na zona rural, hoje conta com uma população de quase 40 mil habitantes, sendo 5 mil envolvidos nas obras da Alcoa executadas por várias empreiteiras, na implantação de infra-estruturas. A cidade sede do município não conta com saneamento básico, o esgoto é a céu aberto, com precário fornecimento de água feito pela COSANPA, com elevado índice de acidentes de trânsito, prostituição, criminalidade e tráfico de drogas.
Crime, por tratar-se de um ato digno de repreensão e castigo; ato considerado, de conseqüências funestas e desagradáveis; o que a Alcoa está praticando com a implantação do seu projeto e vai praticar com a execução.
Humanidade, por considerar-se que a natureza humana será também diretamente afetada pelas conseqüências perversas que serão produzidas pelo projeto, não apenas de modo local, mas universal.

O PROJETO
O projeto inicial, sem levar em conta a usina de transformação, contará com o sistema: mina, ferrovia e porto. A mina está localizada numa área de floresta densa, nas cabeceiras do lago Juriti Grande, caracterizada por três platôs. A ferrovia atravessa dois projetos de assentamento de agricultores, criados pelo INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária,um deles é o Socó, com 420 familias, das quais 43 tiveram seus lotes atravessados pela ferrovia, receberam por indenização R$ 0,24/metro quadrado, por força de um acordo entre o sindicato e a empresa, enquanto reivindicavam R$ 3,00. O porto está colado à cidade sede do município de juruti, de onde tiveram que expulsar várias famílias estruturadas social e economicamente, do bairro Terra Preta.
 O consumo de energia está previsto em 25 MW, sendo 20 MW mina/planta e 5MW no porto, ou 160 Gwh/ano. As águas, que serão captadas do igarapé Juruti Grande, serão consumidas em torno de 5.500 metros cúbicos por hora, com uma recirculação passando pela bacia de rejeitos com uma vazão de 504,8 metros cúbicos por hora. Serão consumidos 9.200 metros cúbicos de combustíveis e lubrificantes por ano. Serão construídas barragens de rejeitos ao longo dos vales.
A área de influência, que corresponde às porções territoriais suscetíveis de forma direta e indireta, soma 655.907,18 hectares, sendo 172.836, 29 há de Área de Influência Direta – AID e 483.070,89 de Área de Influência Indireta – AII. Na AID, serão atingidas 55 comunidades, com 15.000 pessoas, distribuídas em igarapés e lagos: lago Curumucuri(7),lago Preto(2), estrada translagos rio Branco(3), cabeceira do rio Branco(2), Parma do Balaio(2), lago Piranha(1), igarapé Araçá Preto(1), lago juruti Mirim(6) igarapé Juruti Grande(28), lago do Salé(1), lago Parintinzinho(1), cabeceira do igarapé Marajá(1).  A principal comunidade é chamada de Muirapinima, ou Juruti Velho, onde até a pouco tempo foi a sede do município, com 2.000 habitantes, uma escola de ensino fundamental e médio, uma unidade mista de saúde, com médico permanente, um micro-sistema de abastecimento de água, um centro comunitário e um campo de futebol onde são realizados os jogos dos times da comunidade e de outras quando da realização de torneios. Eles tem como seus ancestrais os índios Mundurucus e Murapinimas, e as primeiras famílias de não índios que chegaram para Juruti Velho, em 1818, que constituíram as comunidades de: vilaVinente (cabeceira do mocambo), vila Muirapinima, Capiranga, Suval, Pompom, Juruti Miri, Nova União, Pau D’arco, Prudente, Maravilha, Alemanha e Germano. Hoje os mais velhos destas comunidades estão com as idades que vão de 59 a 90 anos. Em 2001, na comunidade Surval, foi feito contato com dona Tereza Rodrigues, com a idade de 110 anos. A população de adultos e idosos representa 61,3% destas comunidades, e crianças e jovens 38,7%. Homens 59,15 e mulheres 40,9%.
A AID atinge todo o Projeto de Assentamento Agroextrativista, criado pelo INCRA, com uma área de 109.000 hectares, 40 comunidades, 1.900 familias e 9.000 pessoas. A população vive da mandioca(farinha), extrativismo(castanha-do-pará, óleos, madeira, cipó e palha), pecuária(pequena quantidade) e pesca. A vegetação: floresta (65,5%); áreas antrópicas (23%): capoeira (9,8%), pastagem (1,9%) e agricultura (12,1%); rios e lagos (10,7%). A diversidade da vegetação: dos estudos feitos na região, de 12 amostras, em 7 localidades, somaram até 226 espécies na localidade de Mutum, em áreas de várzea e terra firme. Confirmou a existência de 3.615 indivíduos, 256 famílias, 531 gêneros e 489 espécies. Apenas 11% das espécies foram comuns entre as áreas amostrais. Espécies em extinção: castanha-do-pará, pau-cravo e pau-rosa. Vegetação de 35-40 metros de altura com 100 cm de diâmetro sobressai: canaranapanaúba, mata-matá, castanheira, Angelim pedra, aquariquara, mandioqueira e andiroba, De 20 -25 metros de altura, com 45-70 cm de diâmetro: itauba, pau d’arco, guariuba, ucuúba, jutaí e pau-cruzeiro.
A área de lavra do minério está localizada nos platôs Capiranga, Mauari e Guaraná. As áreas de instalação das estruturas  de beneficiamento e do sistema de transporte do minério, são: igarapé Juruti Grande e tributários, a partir de seu trecho represado(a montante da comunidade Ordem) até sua foz no rio amazonas; margem direita do rio amazonas, no trecho compreendido entre a serra de Parintins na porção contínua no estado do Pará(a montante) e a sede urbana do município de Juruti, inclusive(a jusante); e a sede urbana do município de juruti e entorno, incluindo o lago Juruá.
A Área de Influência Indireta compreende a bacia hidrográfica do igarapé juruti grande; bacia hidrográfica do rio Aruã até a cabeceira do Aruã; bacia hidrográfica do rio Branco, estendendo-se, na sua região de cabeceiras, até o lago do Jará, a leste da sede urbana de Juruti; e margem direita do rio Amazonas, no trecho compreendido entre a serra de Parintins, na porção contida no Estado do Pará(a montante), e na sede urbana do municipio de Juruti; inclusive(a jusante).

FATORES GERADORES DE IMPACTO AMBIENTAL


Fluxo migratório e inchaço da cidade formando um grande aglomerado de pessoas sem empregos, que chegam por conta da espectativa gerada de empregabilidade e da possibilidade de ganhar dinheiro com atividades informais, desde a venda de espetinho a instalação de cabaré, lugares preferidos pela grande maioria dos trabalhadores das empresas.
Desmatamento, destruição de sítios arqueológicos e redução do habitat de animais silvestres, deslocamento e sobrepopulação. Serão desmatados 5.371 hectares de floresta densa, durante 15 anos, nos primeiros 5 anos serão desmatados 262 ha/ano, no platô Capiranga, no período de 6 a 10 anos serão 328 ha/ano, no platô Guaraná, e de 11 a 15 anos serão desmatados 421 ha/ano, no platô Mauari. Há estimativa de retirada de madeira do Projeto de assentamento, pela empresa, de 138.058,70 metros cúbicos de toras e 336.940,33 metros cúbicos de lenha, com o desmatamento a ser feito até o 5º ano. O valor estimado da madeira retirada de 1.548,64 hA, por Autorização para supressão de vegetação – OMNIA/CNEC, chegará em torno de R$ 5.054.104,95 (CINCO MILHÕES CINQUENTA E QUATRO MIL CENTO E QUATRO REAIS E NOVENTA E CINCO CENTAVOS). Principais recursos não madeireiros a serem suprimidos até o 5º ano: 3.391 Castanheiras, 619 Preciosas, 91.818 Tucumãs, 3.685 Inajás, 619 Amapás, 727 Araçás, 727 Seringueiras, 3.871 Sucuubas, 3.391 Jatobás, 20.813 breus, 2.415 Uchizeiros, 1.935 Bacabeiras e 464 Piquiazeiros.
Alteração na qualidade do ar provocada pela elevação da quantidade de material particulado em suspensão decorrente do manuseio do solo, estéril, minério, concentrado e tráfego de veículos na mina.
Perturbação do conforto acústico por atividade e circulação de veículos, máquinas e equipamentos na área de lavra, planta de beneficiamento, ferrovia e porto.
Desestabilização de taludes de corte, e aterro ao longo da ferrovia/estrada de ligação mina-juruti, em áreas de diques e bota-foras e de encostas/escarpes, especialmente na zona de transição dos platôs para o relevo intermediário.
Aumento no carreamento de solos e sedimentos arenosos por ação da chuva e conseqüente assoreamento de canais pluviais e fluviais.
Alteração na qualidade da água das drenagens por carreamento de solos/sedimentos/estéril, contaminação por óleos, graxas e efluentes provindos do canteiro de obras/mina/zona urbana, oficinas e atividades relacionadas.
Assoreamento dos cursos d’água decorrente da movimentação dos solos na área da mina, o que inclui a remoção da cobertura vegetal, a retirada do capeamento do solo superficial, seu estoque, a retirada de minério, e principalmente a recomposição da cavas.
Contaminação dos recursos hídricos decorrentes dos efluentes gerados na pilha de rejeitos e vazamentos dos aterros destinados ao seu confinamento final, dispersão dos particulados, ricos em metal pesado, irão se depositar nos terrenos marginais se transportando em cargas difusas aos recursos hídricos. Contaminação por óleos e graxas gerados nas oficinas e atividades afins, as instalações do acampamento, banheiros, sanitários e refeitórios.

 INFORMAÇÕES SOBRE ATITUDES DA Alcoa

Como maior produtora de alumínio do mundo a Alcoa é um exemplo clássico de indústria altamente de uso de recursos-intensivos, que se beneficiou de subsídios fiscais causando destruição ambiental ao redor do mundo. O banco mundial tem sido um parceiro essencial para a expansão mundial da Alcoa. De Nova York ao Suriname, ao Brasil, à Austrália, povos indígenas e tribais tem se lamentado por pagar o preço alto pelo sucesso da Alcoa.
A Alcoa fez parte de um conjunto de três empresas que envenenaram o rio São Lourenço, usando-o como um esgoto aberto, o contaminaram com coquitel de tóxicos químicos, prejudicando os Mohawks de Akwesasne, na fronteira entre o atual Estado de Nova York e Canadá. Uma população que vivia da criação, coleta e pesca, como base de sua economia tradicional.
Mais de 47 fábricas suas foram citadas por órgãos estaduais e federais anti-popluição desde 1987. Ela já teve que aceitar uma multa de 8,8 milhões de dólares do EPA, depois de ter sido autuada por descarga ilegal de água servida tratada inadequadamente no rio Ohio. Uma subsidiária dela em Port Allen, Louisiana, declarou-se culpada por violações similares, e concordou em pagar mais de 1 milhão de dólares em multas.
Um ativista do Texas, Travis Brown, afirma: “No portal nacional dela(Alcoa) eles alegam que procederão de um modo ambientalmente equilibrado, mas quando se põem os pés no chão, as coisas são bem diferentes”.
Em 1988, Wilma Prika, liderança local de Adjoemakondre, escreveu ao presidente Jules Wijdenbosch, do Suriname, pedindo que o governo sustasse as operações de mineração de bauxita da Suralco (subsidiária da Alcoa) e que lhes desse compensação pelos danos. Nossas roças e casas foram destruídas, sem qualquer compensação, declarou Prika: “Nosso rio foi tão poluído que nós não podemos mais usá-lo. Rejeitos da mineração descem da encosta até o rio, colorindo-o de laranja-marrom. Problemas de saúde surgiram nos moradores pelo uso da água do rio. O uso de dinamite pela companhia causa poluição sonora, e provoca a perda da caça que usamos como alimento”.
Para ampliar a sua área para instalação de mais usinas de produção de alumínio, em são Luis do Maranhão, expulsou em torno de 20.000 pessoas, na maioria camponeses, que nunca receberam suas magras compensações. Por conta desta atitude e outras indesejáveis, foi denunciada, na assembléia legislativa do Estado do Maranhão, por deputados estaduais, por danos ambientais irreparáveis.
Em 2005, o Ministério Público Federal, no Pará, ajuizou uma ação civil pública solicitando a paralisação dos trabalhos da Alcoa em juruti, diante do impacto ambiental não contemplado no EIA/RIMA. Para revisão do EIA e cancelamento das licenças devido vários vícios encontrados no processo, por omissão e falsear informações.” Em 2007, os ministérios públicos, estadual e federal, emitiram uma recomendação à SEMA-Secretaria Estadual de Meio Ambiente para cancelar a licença da Alcoa. O procurador da república Daniel César Azeredo Avelino, investiga prática de improbidade administrativa tanto por parte do ex-secretário Gabriel Guerreiro, que concedeu a licença, quanto do atual, Valmir Ortega, que se recusou a cancelar. Além dos impactos diretamente sofridos pela população do entorno do projeto, o MPF levanta dados sobre problemas inerentes a direitos sociais básicos gerados pelo projeto nas áreas de saúde, moradia e educação.” (Diário do Pará, 01.02.2009).
Durante a audiência pública de 02 a 03 de maio de 2007, em Juruti, forma feitas denuncias de que o projeto da empresa já representava uma “ilha de riquezas cercada de um oceano de miséria”. Que as madeiras nobres das áreas desmatadas pela empresa estariam sendo enterradas. Há prejuízos, pelo motivo dos igarapés do Jará e Fifi serem contaminados, por servirem de local de destino final dos dejetos dos alojamentos dos funcionários da Alcoa. A atuação dos fiscais da SECTAM levanta suspeitas, haja vista que a dita fiscalização é feita com uso das embarcações da empresa.
Em 2008, pelo descumprimento de legislações e danos causados às populações onde a empresa participa de consórcios para construção de barragens, o Movimento de Atingidos por Barragens – MAB, denunciou as violações às diretrizes da Organização Ponto de Contato Nacional para Cooperação e Desenvolvimento Econômico(OCDE) e ás normas de Direitos Humanos das Nações Unidas, cometidas pela Alcoa.

CONSIDERAÇÕES

O Projeto da Alcoa faz parte da estratégia norte-americana, de retirar todas nossas riquezas minerais, transformar nossa região em enormes crateras, montanhas de rejeitos tóxicos, bacias hídricas poluídas, lagos de lamas tóxicas( a exemplo do Batata, em Oriximiná), população pobre, miserável e contaminada por produtos químicos, sem floresta, desumanizada pela barbárie e sem futuro.
No Estado do Pará, de Oriximiná até Carajás, a prática é a mesma, uso intensivo de recursos naturais(floresta, minério, água e energia) e da mão-de-obra que consegue oportunidade de ser explorada, sem gerar possibilidade de desenvolvimento nas regiões onde se dão a espoliação destes recursos, que são transformados em mercadoria, em forma de comodities.
O modelo desenvolvido em Oriximiná, Barcarena e Carajás, e em outras partes do mundo, onde ocorre a extração e transformação mineral, deve servir com exemplo como atuam as corporações, gerando desgraça para as populações locais, e riquezas em seus países de origem.
Pode surgir a dúvida, de que a Vale possa estar gerando riqueza para o Brasil, não é verdade, porque embora sua origem seja brasileira, hoje quem domina as ações preferenciais, que dão direito a participação nos lucros, são grupos internacionais. Para entender a Vale é sempre preciso um capítulo a parte.
No caso de Juruti, o prejuízo econômico, social e ambiental, ainda está por ser mensurado, porque o Estudo de impacto Ambiental não foi feito, o que foi feito foi uma pequena amostra da realidade, mas dar para perceber-se que será de uma grandeza sem possibilidade de reparação.
Qual será o volume de água que será atingido e contaminado, do igarapé Juruti Grande ao rio Amazonas? Quantas nascentes foram destruídas com a construção da rodovia, ferrovia e instalações? Quantas pessoas vão passar sede vivendo à beira de um lago? Quantas vão morrer envenenadas por beber da água poluída?
Quantos metros cúbicos de madeira nobre vão ser desperdiçados? Quanto valeria para a economia do município e para a população? Quanto vai ser perdido em produção de alimentos com a destruição das árvores frutíferas (castanheira, bacabeira, uchizeiro...) e de produção de óleo (copaíba, andiroba...)? Quanto de plantas medicinais, que não foi levado em conta nas amostras feitas pela empresa e muitas delas, quem sabe, até ainda desconhecidas?
Quantos animais já foram e vão ser mortos pelas frentes de destruição da mata e do que encontrar pela frente? Quantos animais vão ser afugentados pelo desmatamento, a sonoridade de máquinas, equipamentos, veículos e uso de explosivos? Quantos sítios arqueológicos vão ser destruídos?
Qual vai ser o grau de desnutrição e de fome que a população que vive da caça, da pesca e da coleta de produtos da floresta, para se alimentarem, vai passar?
Quantas pessoas já foram assassinadas e ainda serão, pela violência gerada na cidade, depois da chegada da Alcoa? Quantos morreram ou vão morrer por acidentes de trânsito? Quantos jovens e crianças ainda serão prostituídas e violentadas?
Quantos desempregados ficarão perambulando pela cidade quando encerra o período de implantação das infra-estruturas, e as empresas tiverem que demitir os cinco mil trabalhadores, que dizem ter nas obras?
De que viverá o comércio de Juruti quando todas as empresas saírem e ficar só a Alcoa com seu reduzido quadro de profissionais, na fase de operação do projeto? Qual será a relação dos pobres da cidade com os melhores de situação do canteiro de obra da Alcoa?
Com a retirada de milhões de toneladas de bauxita, durantes os anos que durar a extração mineral, e o repasse de uma Compensação Financeira pela Extração Mineral, calculada em 2% sobre o lucro liquido da movimentação, quem sairá perdendo, ou nada ganhando?
Como os governos, federal, estadual e municipal, explicam as suas conivências com o que determina a Alcoa? Porque só aparecem quando a empresa solicita forças policiais para reprimir a indignação da população? Porque desconsiderar as recomendações e ações dos ministérios públicos?
Embora ninguém tenha me perguntado, mas me sinto da necessidade de me posicionar: por falta de respostas a todas estas perguntas, pela defesa da vida e da dignidade humana, considero o projeto da Alcoa, em Juruti, mas um crime contra a humanidade, portanto, sem o direito e nem possibilidade de continuar.

Fontes: RIMA, Relatório Audiência Pública, O’Neill, Alcoa and the Environment by Terj Langeland, Projeto Juruti: determinação do tempo ótimo de implantação, estudo sobre o Projeto de Assentamento Extrativista Juruti Velho, artigo de Rogério Almeida, conversa com lideranças e freiras de Juruti Velho.

Marabá, 06 de fevereiro de 2009.


Fonte: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp

Mineração em Juruti: Pressão de Camponeses Força Negociação

Wednesday, 11 February 2009 
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Pressão de camponeses força negociação entre a Alcoa, impactados e o Estado. 1. 500 pessoas ocuparam no dia 28 de janeiro uma área de operação da empresa estadunidense Alcoa, no município de Juruti, oeste do Pará, onde é explorada uma mina de bauxita, matéria prima para a produção de alumina que é em seguida transformada em alumínio.
O empreendimento fica na bacia do Amazonas.  Um bilhão de reais deve ser aplicado para produzir quatro milhões de toneladas do minério.  Desse total de investimento a sociedade brasileira vai entrar com 500 milhões através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a juros módicos.
A companhia é uma das maiores mineradora do mundo e opera em 32 países nos quatro continentes.  No Maranhão mantém uma empresa de produção de lingotes de alumínio, Alumar, desde a década de 1980, em sociedade com a BHP Billiton e que deverá incrementar a produção de 368 mil para 420 mil toneladas.
Por isso o interesse na mina de Juruti, quem também vai emancipar a Alcoa do fornecimento da Mineração Rio do Norte, da Vale, que extrai a bauxita no município de Oriximiná, na mesma região.  Além das frentes de mineração o Baixo Amazonas tem em pauta a construção de hidrelétricas no rio Tapajós e é impactada pela monocultura de grãos da Cargil.
Além de negócios no Maranhão e agora no Pará, a Alcoa também é acionista majoritária do consórcio Baesa, responsável pela usina hidrelétrica de Barra Grande, localizada na região sul do país.  Junto com o grupo Votorantim, a Alcoa foi denunciada pela violação das Diretrizes para Empresas Multinacionais da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A Alcoa e o grupo Votorantim foram denunciados pelo Movimento de Atingidos de Barragens (MAB) no ano de 2005, ao terem aproveitado a Avaliação de Impacto Ambiental apresentada, em 1999, pela empresa Engevix Engenharia S.A., que atestava de modo fraudulento a viabilidade ambiental da exploração do potencial hidroelétrico no rio Pelotas, afluente do rio Uruguai, informa nota do MAB.
No caso do Pará, os militantes denunciam os danos aos recursos hídricos, redução do pescado, impedimento do direito de ir e vir dos ribeirinhos, diminuição da coleta da castanha do Brasil, andiroba e outras fontes de proteínas e recursos da flora usados para fins medicinais.
O projeto representa também um risco de morte aos trabalhadores, por conta da construção da ferrovia que escoará o minério.  Eles explicam que não há túneis ou desvios nos trechos que cortam os projetos de assentamento impactados pela obra.
Durante a ocupação, a tropa de choque da Polícia Militar foi acionada.  Os policiais usaram gás de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes.  Crianças e mulheres foram atingidas.  Afinal, quem é o inimigo?
Documento sistematizado por Raimundo Gomes da Cruz Neto, sociólogo que visitou as comunidades atingidas esclarece que a mina está localizada numa área de floresta densa, nas cabeceiras do lago Juriti Grande, caracterizada por três platôs.  A ferrovia atravessa dois projetos de assentamento de agricultores, criados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
Um deles é o Socó, com 420 famílias, das quais 43 tiveram seus lotes atravessados pela ferrovia, que receberam por indenização R$ 0,24/metro quadrado, por força de um acordo entre o sindicato e a empresa, enquanto reivindicavam R$ 3,00.  O porto está colado à cidade sede do município de Juruti, de onde expulsaram várias famílias estruturadas social e economicamente do bairro Terra Preta.
Gerdeonor Pereira, dirigente no Projeto de Assentamento Extrativista (PAE) Juruti Velho, informa que 80% do minério estão no PAE.  O militante informa que pelo menos 50 mil hectares de floresta devem ser derrubados.
"O projeto trouxe para a cidade umas 15 mil pessoas.  O município não tem estrutura para cuidar desse povo com moradia, saúde e escola.  Hoje a empresa já iniciou as demissões porque as construções estão em fase de conclusão.  Para onde esse povo vai", interroga Pereira?
Há informes que por conta de migração o município passou por dois surtos de hepatite.  A fase de construção é considerada onde a prefeitura mais fatura com arrecadação do Imposto Sobre Serviço (ISS).  A estimativa é de um milhão por mês desde 2006.
A presença da empresa também incrementou o mercado de prostituição, drogas, especulação imobiliária e ocupações.
Os passivos socioambientais já experimentados nas 60 comunidades onde vivem cerca de quatro mil famílias num total aproximado de nove mil pessoas foram omitidos nos estudos de impactos ambientais, realizados pela empresa CNEC Engenharia e apresentado pela Alcoa para obter a licença.
A CNEC é a mesma empresa que realizou os estudos para a construção da hidrelétrica de Estreito, onde a Alcoa é sócia da Vale.  Suez Energy, BHP Billiton e da Camargo Correa.
A hidrelétrica de Estreito está sendo erguida no rio Tocantins, fronteira do Maranhão com o Estado do Tocantins e é considerado o maior empreendimento do setor no Brasil.
No caso de Estreito, entre as omissões consta que as áreas indígenas nos dois estados, Krahô, Apinajé, no estado do Tocantins, e Gavião e Krikati no Maranhão não serão afetadas pela obra.  Informação contestada pelas comunidades indígenas e defensores dos direitos humanos.
As omissões nos relatórios que indicam os impactos ambientais da exploração da bauxita do Pará estão entre as motivações da ação movida na justiça pelos Ministérios Públicos Federal e Estadual (MP’s) desde 2005.  Nestes termos, a Alcoa funciona na ilegalidade em terras do Pará, posto as contestações dos MP’S sobre o processo de licenciamento da exploração de bauxita.
O não cumprimento da recomendação dos MP’S também resvala no governo do estado do Pará.  Gabriel Guerreiro, deputado estadual (PV) e Walmir Ortega, ex- secretário do meio ambiente e atual respectivamente, respondem por improbidade administrativa.  O primeiro pela aprovação da licença de operação da Alcoa e o segundo pela manutenção, contrariando a recomendação dos MP’S, que decidiram pela suspensão.
Assim a Alcoa, como a Cargil que produz grãos no município vizinho de Santarém, que ergueu um porto ao arrepio da lei, finaliza a construção de rodovia, ferrovia, porto e tanques de contenção de rejeitos para a extração do minério.
O MPF e MPE consideram que o Instituto Brasileiro dos Recursos Renováveis e do Meio Ambiente (IBAMA) deveria licenciar o projeto Juruti e não a secretaria de meio ambiente, como ocorreu: Os elementos que demonstram a necessidade de que o licenciamento se dê no âmbito federal, são:

1 - a área na qual estão localizadas as minas de bauxita pertence à União, tendo sido objeto de arrecadação administrativa e, hoje, encontra-se em processo de regularização fundiária, tendente a permitir a fixação dos clientes da reforma agrária;
2 - todas as atividades para a obtenção da bauxita (escavações e deposição de rejeitos nas cavas) ocorrerão sobre o aqüífero Alter-do-Chão, importante reserva de água doce que atravessa dois Estados (Pará e Amazonas);
3 - o porto está localizado às margens do rio Amazonas, rio internacional, sem que tal impacto tenha sido nem mesmo corretamente mensurado ou nem sequer estudado;
4 - todo o Projeto Juruti está contido na bacia hidrográfica do Amazonas, sob jurisdição federal;
5 - há o registro de 73 ocorrências de sítios arqueológicos na Área de Influência Direta (AID), até esta fase; 6 - na AID existem espécies vegetais (castanheiras, pau-cravo, pau rosa) protegidas pela legislação ambiental; 7 - na AID existem os ecossistemas de várzeas;


Negociações
Após a mobilização da população atingida pelo grande projeto de mineração que deve durar entre 80 a 100 anos, uma rodada de negociação foi iniciada no dia nove e encerra amanhã, 11, no município pólo da região, Santarém.
Além dos atingidos pelo projeto, participam dos debates o representante da Alcoa na América Latina, Franklin Feder, os Ministérios Públicos, prefeitura de Juruti e representantes do governo do estado.
No dia de ontem estavam todos os envolvidos na questão.  O dia de hoje é dedicado ao debate entre os atingidos e a empresa.  A amanhã a rodada de negociação encerra com a participação de Walmir Ortega, secretário de Meio Ambiente do Pará, informa Pereira.


Reinvidicações
A Associação das Comunidades de Juruti Velho exige entre outras coisas a participação de 1.5 % na participação nos lucros da empresa, investimentos em educação, saúde e moradia e a definição de uma agenda de compromisso.  Gerdeonor Pereira esclarece que a primeira reivindicação já foi atendida.
Tal tipo de empreendimento na Amazônia coloca em lado opostos grandes corporações com staff de capacidade internacional de negociação e populações consideradas tradicionais.
Tanto no caso do Pará como na fronteira do Maranhão com o Tocantins, a empresa apresenta um discurso de redenção da pobreza através do grande empreendimento, que deve ser seguido como se fosse um mantra da prosperidade.
A cooptação de políticos e agentes que representem algum tipo de liderança consta como agenda da ação da empresa, em particular para fazerem coro pró-empreendimento nas audiências públicas onde são apresentados os estudos de impactos ambientais.
A empresa também não se descuida em "convencer" os meios de comunicação locais da sua nobre causa.  É raro algum veiculo de comunicação dá visibilidade sobre as mazelas dos grandes projetos.  No caso da Alcoa nenhum veículo informou que a mesma opera de forma ilegal.  O destaque conferido recaiu sobre a nota da empresa sobre os possíveis prejuízos.
Tanto no caso da usina de Estreito, como no caso da exploração mineral em Juruti, o fato foi verificado.  Qualquer questionamento que soe a ambientalismo é logo satanizado.  E os portadores de inquietações sobre os impactos socioambientais tratados como agentes que defendem o "atraso" do lugar.
O processo de licenciamento das obras e as populações tradicionais locais são classificados como os grandes entraves pelos empreendedores.  Os mesmos podem ter em breve as suas demandas aceitas no que tange ao processo de licenciamento de obras na Amazônia.  Ao menos, se depender do esforço de Mangabeira Unger, que deseja azeitar o já delicado processo.
O desenvolvimento e o progresso formam a dorsal do discurso de defesa dos grandes empreendimentos, que segundo as empresas, vai fazer germinar como se fosse leite e mel, o emprego e a fortuna nos rincões.  Numa clara linha de desinformação sobre a lógica que conforma tais empreendimentos nas periferias do planeta, o enclave.  Ou seja, o saque dos recursos naturais.
Mineração na Amazônia e os eixos de integração do continente O extrativismo tem regido a economia na Amazônia.  O ciclo mais recente é o mineral, iniciado a partir da década de 1950 do século passado, no estado do Amapá, quando o mesmo ainda tinha o status de território.
A exploração do manganês na Serra do Navio foi ponta pé inicial, e que em apenas cinco décadas se exauriu, restando apenas o buraco, literalmente.
A exploração mineral no Amapá, considerada a primeira na Amazônia, foi protagonizada pela empresa estadunidense de Daniel Ludwig, a Bethlehem Steel Company em sociedade com o empresário Augusto Trajano de Azevedo Antunes, dono da Indústria e Comércio de Mineração S/A (ICOMI).
O ciclo da mineração ganhou maiores proporções na Amazônia a partir da região de Carajás com a presença da Vale na extração do minério de ferro na década de 1980, no Pará.
É creditado a Eliezer Batista, ex-executivo da Vale, a construção do mapa das riquezas naturais na América do Sul.  Batista é pai de Eike, festejado como o novo bilionário nacional.
Os levantamentos de Batista foram encomendados pela Corporação Andina de Fomento (CAF).  A CAF é um dos agentes do projeto de Integração da Infra-estrutura Regional Sul-Americana (IIRSA).
Do conjunto de 10 eixos de integração, quatro se destacam, por suas riquezas naturais e possibilidades de conexões: o Amazonas, o Hidrovia Paraná-Paraguay, o Capricórnio e o Andino.  O objetivo central prima em facilitar a circulação de mercadorias.
O eixo do Amazonas compreende os seguintes países: Colômbia, Peru, Equador e Brasil e visa criar uma rede eficiente de transportes entre a bacia amazônica e o litoral do Pacífico, com vista à exportação.
Nesse sentido o BNDES exerce protagonismo continental, financiando obras de integração além de nossas fronteiras.  Outro ator importante no longa metragem de extração das riquezas do continente é o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
No mundo do Brasil, alguns se arriscam em pontuar que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é uma miniatura do IIRSA.

Rogério Almeida - http://rogerioalmeidafuro.blogspot.com
Fonte:http://www.plataformabndes.org.br/index.php/en/noticias/38-materias/146-brasil-mineracao-em-juruti-pressao-de-camponeses-forca-negociacao-