terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

DIRETORIA QUE IRA ADMINISTRAR A ACORJUVE NESTES PROXIMOS TRÊS ANOS

Diretor(a) administração -
Gerdeonor P. dos Santos (Vila Muirapinima) e Abel Rodrigues (Betel)

Diretoria de Pesca -
Martinho Moutinho (São Francisco do Barro) e Adel Silva (Santo Antonio da Ingracia)

 Diretor(a) de Meio Ambiente, Desenvolvimento e Produção Sustentável -
 Esgiron Oliveira e Evandro Marques (Santa Maria do Muriturba)

 Diretor(a) de Secretaria
 - Nazaré Marialva (Capelinha) e Simone Sousa (Alemanha)...
 

Diretor(a) de Finanças e Patrimônios
 - João F. Vidilha (Zé Maria) e Sandro Barroso (Nova Aliança)
 

Diretor(a) de Formação, Assuntos Jurídicos e Resolução de Conflitos Agrários -
 Francisco Pinheiro (Maravilha) e Francisco A. Batista (Juruti Açu)

 Diretor(a) de Cultura, Desportos e Folclore -
Dinelson Hipólito (Nova União) e Carlos Assunção (Surval)

Diretor(a) de Programas Comunitários, Articulação, Comunicação e de Relações Públicas; - Joseilson Xavier (Pompom) e Zilma de Souza (Uxituba)

Diretor(a) de Geração e Gênero -
 Nilacy Pantoja (Jauari) e Agnaldo Pereira (Santa Madalena)

 

ACORJUVE INVESTINDO NA FORMAÇÃO DE SEUS MILITANTES

 
Hoje pela manhã (20) uma equipe de militantes da Acorjuve Juruti Velho partiu rumo a Paraopebas (Sul do Pará) para participar do Curso Básico de Formação de Militantes promovido pelo Movimento Pela Soberania Popular na Mineração que acontece no período de 23 a 28 de fevereiro, no Instituto de Agreocologia Latino Americano - IALA que fica localizado no Assentamento Palmares - Paraopebas.
O curso terá a duração de 06 dias e a meta na participação é de 70 militantes dos diversos movimentos sociais entre eles a ACORJUVE que estará representada por Marlou Batista ( Alemanha) Luiz Carlos ( Pedreira) Marcio Sanches ( São Francisco do Barro), Ivanildo Pontes (Santa Maria do Murituba) e Messias Santos (Santa Rita de Cássia - Miri) todos membros do Conselho Fiscal Comunitário da ACORJUVE.

 A programação é vasta e tem como temas - REALIDADE BRASILEIRA assessoria de Pablo Neri, A MINERAÇÃO NO BRASIL assessoria de Jorge Neri e OS DESAFIOS DA CONSTRUÇÃO DO MAM por Charles Trocate, além de mesas de debates, rodas de conversas para a troca de experiências e exposições de filmes e documentários (Tragédia de Mariana - Minas Gerais) e outros.

ACORJUVE: UNIDADE, LUTA, VITÓRIAS E DESAFIOS


A Associação das Comunidades da Região de Juruti Velho (ACORJUVE) representa uma unidade de ação dos moradores e moradoras tradicionais da Região de Juruti Velho, território que integra 52 comunidades.
 
A ACORJUVE foi fundada em 21 de março de 2004, como uma associação civil, de direito privado, sem fins econômicos, constituída pela união e solidariedade do seu POVO, em uma assembleia que reuniu em torno de 2.000 pessoas. Em seu estatuto, considera permanente, o morador e a moradora que há mais de 05 (cinco) anos tem a posse da terra, e nela trabalha em regime de produção familiar em qualquer ramo de atividade, tais como, extrativismo, artesanato, com exploração direta e contínua.
 
Sua fundação representa o fecho de uma etapa de discussões sobre a melhor e mais adequada forma de lutar pelos direitos, e o início de outra etapa que tem como base a organização coletiva de todos os moradores tradicionais que habitam as 52 comunidades do assentamento Juruti Velho, pois já existiam várias associações em diversas comunidades, mas representavam os interesses apenas dos moradores daquelas comunidades específicas.
 
Com a efetivação da ACORJUVE, a unidade, a coesão de ideias, a harmonia e a integração se fortaleceram, ampliando a participação, entretanto sempre permanecendo a consideração às associações já existentes e as que, porventura, venham a se estabelecer, com quem a ACORJUVE sempre manterá convivência respeitosa e de contribuição mútua.
 
A ACORJUVE tem uma organização democrática, livre, sem interferências externas, não fazendo distinção de qualquer natureza entre seus associados. Atualmente, representa junto ao INCRA e a outros órgãos as famílias beneficiárias do Projeto de Assentamento Agroextrativista – PAE JURUTI VELHO sendo a responsável em zelar pelo cumprimento dos termos do Contrato de Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) gratuita e resolúvel, de caráter perpétuo, que a UNIÃO, por meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), celebrou com a ACORJUVE, em 30 de agosto de 2009.
 
A ACORJUVE é fruto da ANGÚSTIA  do SONHO e ESPERANÇA das famílias tradicionais da região de Juruti Velho. Angústia, porque, vivendo há décadas em suas terras, conviviam com a insegurança de não possuírem o documento dessa terra, que também pertenceu a seus ancestrais Mundurukus, situação que os tornava tão apenas observadores de empresários, madeireiros, agro pecuaristas e grileiros que levavam embora suas riquezas, fomentando mais pobreza na população. Esperança, pois sempre acreditaram que suas vidas jamais poderiam ser separadas das riquezas naturais existentes em seu território que sempre souberam preservar, cuidar, vigiar e resguardar, pois que há cumplicidade em suas existências; fé e clareza foram os ingredientes, a base que estimularam a luta para o nascimento da ACORJUVE.
 
A ação predatória da terra e de seus recursos naturais, tendo em vista à sadia qualidade de vida das comunidades da região; atuando, ainda, em defesa da preservação e resgate da cultura e tradição dos habitantes das comunidades da região de Juruti Velho, com isso buscando unir e solidarizar-se com os movimentos sociais e da classe trabalhadora, atuando sem descanso na defesa dos direitos e garantias ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida, inclusive tomando e implementando medidas necessárias em face de empresas mineradoras, madeireiras e plantadoras de grãos, ou que agem a seus interesses, visando à preservação e conservação ambiental da Região, como meio de erradicar a pobreza e a marginalidade e reduzir as desigualdades sociais, tendo sempre como referência as comunidades tradicionais da Região de Juruti Velho.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Francisco adverte a Igreja contra “enganar a si mesma” ao pensar que opera sob o seu próprio poder

Sexta, 08 de janeiro de 2016                
O Papa Francisco novamente clamou por uma Igreja Católica global que seja missionária em todos os seus aspectos, dizendo que ela tem uma obrigação junto aos que estão à espera para aprender sobre Cristo e que podem estar necessitados de uma mensagem de misericórdia e paz.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada por National Catholic Reporter, 06-01-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

O pontífice também advertiu os religiosos a não pensarem que a religião atrai as pessoas com o seu próprio poder, enfatizando que “a Igreja não pode se enganar em pensar que ela brilha com a sua própria luz”.

Em uma homilia durante a missa em que se celebrou a Festa da Epifania, Francisco refletiu sobre a história da estrela que se diz ter atraído os Três Reis Magos a se colocarem a viajar para adorar o Menino Jesus em Belém.

Ele fez referência a uma metáfora de Santo Ambrósio, do século IV, que apresenta uma Igreja que reflete a luz de Deus como a luz reflete o sol.
“Cristo é a luz verdadeira, que ilumina; e a Igreja, na medida em que permanece ancorada n’Ele, na medida em que se deixa iluminar por Ele, consegue iluminar a vida das pessoas e dos povos”, disse o pontífice.

“Anunciar o Evangelho de Cristo não é uma opção que podemos fazer entre muitas, nem é uma profissão”, continuou.
“Para a Igreja, ser missionária não significa fazer proselitismo”, disse. “Para a Igreja, ser missionária equivale a exprimir a sua própria natureza: isto é, ser iluminada por Deus e refletir a sua luz”.
“Este é o seu serviço”, disse o papa. “Não há outra estrada. A missão é a sua vocação: resplandecer a luz de Cristo é o seu serviço”.
“Quantas pessoas esperam de nós este serviço missionário, porque precisam de Cristo, precisam de conhecer o rosto do Pai?”, perguntou.

Francisco estava falando na quarta-feira (6 de jan.) durante a Solenidade da Epifania na Basílica de São Pedro, celebrada pelos católicos todos os anos nesse mesmo dia para comemorar a visita dos Três Reis Magos ao Jesus recém-nascido. O pontífice disse que a história dos três reis gentios a visitar o menino judeu evidencia o desejo divino de superar toda e qualquer divisão na humanidade.

“Os Magos (…) são um testemunho vivo de como estão presentes por todo lado as sementes da verdade, pois são dom do Criador que, a todos, chama a reconhecê-Lo como Pai bom e fiel”, disse ele.

“Os Magos representam as pessoas, dos quatro cantos da terra, que são acolhidas na casa de Deus”, continuou. “Na presença de Jesus, já não há qualquer divisão de raça, língua e cultura: naquele Menino, toda a humanidade encontra a sua unidade”.

Ao falar sobre como a aparição da estrela no céu escuro havia instado os reis a saírem em busca do Menino Jesus, Francisco falou que a Igreja “tem o dever de reconhecer e fazer surgir, de forma cada vez mais clara, o desejo de Deus que cada um traz dentro de si”.

“Como os Magos, ainda hoje, há muitas pessoas que vivem com o ‘coração inquieto’, continuando a questionar-se sem encontrar respostas certas”, declarou. “Também elas andam à procura da estrela que indica a estrada para Belém.

“Sigamos a luz que Deus nos oferece, pequenina!”, exortou o pontífice. “A luz que irradia do rosto de Cristo, cheio de misericórdia e fidelidade”.

“E, quando chegarmos junto d’Ele, adoremo-Lo com todo o coração e ofereçamos-Lhe de presente a nossa liberdade, a nossa inteligência, o nosso amor”, pediu o papa. “[Reconheçamos que] A verdadeira sabedoria se esconde no rosto deste Menino”.

“É aqui, na simplicidade de Belém, que a vida da Igreja encontra a sua síntese”, disse Francisco.

“Aqui está a fonte daquela luz que atrai a si toda a pessoa no mundo e orienta o caminho dos povos pela senda da paz”.

Francisco também fez breves comentários nesse mesmo dia depois de rezar o Angelus com os peregrinos na Praça de São Pedro marcada por uma leve garoa.

Em sua reflexão aqui, o papa disse que os cristãos de hoje podem encontrar um “grande consolo” na cena dos Reis Magos junto à estrela natalina, dizendo que aí se vê que somos guiados por Deus, não estando abandonados à nossa própria sorte.

Porém o pontífice disse que a experiência dos reis também “exorta-nos a não nos contentarmos com a mediocridade, a não ‘ir vivendo’, mas a procurar o sentido das coisas, a perscrutar com paixão o grande mistério da vida. E ensina-nos a não nos escandalizarmos com a pequenez e a pobreza, mas a reconhecer a majestade na humildade”.

A missa de quarta-feira foi a segunda celebração em uma série de eventos papais a marcar o período de Natal, que irá acabar no domingo com a celebração da Festa do Batismo de Jesus. Francisco marcará esta ocasião com uma missa na Capela Sistina, onde também vai batizar várias crianças.

Os músicos que fizeram parte da missa de quarta-feira incluíam membros do coro arquidiocesano da Arquidiocese de Detroit, que foram convidados a se juntar ao Coro da Capela Sistina para o dia festivo.

NOTA DO MST SOBRE A OCUPAÇÃO IRREGULAR DE LOTES NA REFORMA AGRARIA

A TERRA SÓ DEVE SER DESTINADA A QUEM PRODUZ ALIMENTOS SAUDÁVEIS
DEPOIS DE UM PERÍODO DE RECUPERAÇÃO DE ENERGIAS, ESTOU VOLTANDO A DISPONIBILIZAR NOTÍCIAS E TEXTOS DE REFLEXÃO CRÍTICA QUE AJUDEM AO AVANÇO DA DEMOCRACIA COM JUSTIÇA EM TODAS AS DIMENSÕES DA VIDA.

ESTÁ SENDO BOM  RECOMEÇAR COM ESTA NOTA DO MST SOBRE NOTÍCIA DIVULGADA PELO FANTÁSTICO SOBRE OCUPAÇÃO IRREGULAR DE LOTES DE REFORMA AGRÁRIA. VALE A PENA APOIAR AS PROPOSTAS ELENCADAS, JÁ QUE ELAS VISAM ESTIMULAR A VIGILÂNCIA DOS ÓRGÃOS EM RELAÇÃO AOS DIVERSOS TIPOS DE OCUPAÇÃO E GRILAGENS, BEM COMO AO USO DE "LARANJAS", COBRANDO AÇÕES NO SENTIDO DE QUE TODA A TERRA SEJA DESTINADA A QUEM REALMENTE PRODUZ ALIMENTOS SAUDÁVEIS. E SUGEREM TAMBÉM QUE A GLOBO SEJA DE FATO VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO, ABANDONANDO SE VIÉS DE CLASSE AO DAR NOTÍCIAS... 


NOTA DO MST SOBRE A OCUPAÇÃO IRREGULAR DE LOTES NA REFORMA AGRARIA
 
Ontem, 3 de janeiro, o programa de televisão Fantástico,  da     GLOBO,  denunciou a posse e a venda irregular de lotes da Reforma Agraria.

A reportagem utilizou como base a investigação e o relatório finalizado pela CGU (Controladoria Geral da União), envolvendo casos desde o ano de 2000.
 
Para a CGU, há 76 mil lotes ocupados irregularmente nos processos de assentamentos da Reforma Agraria - cerca de 8% do total. Do total 38 mil foram usurpados por  funcionários públicos, em casos que envolvem até mesmo um delegado da Policia Federal e um Procurador Geral do estado do Acre. Há lotes em nome de  8.519 menores de idade, uma pratica que revela a manipulação para aumentar o tamanho da área de uma mesma família, acima do modulo rural permitido pela lei. Não faltam casos de empresários, precisamente  7.872, que burlaram a lei de Reforma Agrária para acumular terras.  E, há,  ainda, 271 casos de políticos que se apropiaram indevidamente de terras que deveriam ser destinadas à Reforma Agraria para o assentamento de  famílias de sem-terras.
Sobre essas denuncias o MST esclarece ao povo brasileiro:
 
a)     Parabenizamos a iniciativa da CGU (Controladoria Geral da União) pela coragem de investigar e denunciar as irregularidades no programa de Reforma Agrária, muitas cometidas com a conivência de alguns  funcionários públicos corruptos. Uma prática que se perpetua em todos os governos, inclusive os da ditadura militar e que devem ser permanentemente coibidas.
 
b)    Da mesma forma, é saudável e imprescindível  a decisão da atual diretoria do INCRA em retomar todos os lotes e redistribui-los às famílias acampadas de  trabalhadores  rurais sem terras. Esperamos que o faça imediatamente e não com a costumeira letargia causada por entraves políticos e jurídicos.
 
c)     O MST defende titulação dos lotes da Reforma  Agrária como  Concessão Real de Uso,  com direito a hereditariedade, como está previsto na Constituição Federal.  Essa modalidade de titulação impediria o comercio da compra e venda dos lotes destinados à Reforma Agrária. É necessário que o governo tenha a coragem de adotar esse instituto constitucional imediatamente.
 
d)    O MST, tendo conhecimento de casos de irregularidades nos assentamentos, como os denunciados pelo relatório da CGU, apresenta-os  às autoridades e cobra providencias imediatas para assegurar que a terra esteja em mãos de que nela trabalha e produz alimentos.  
 
Propomos, ainda, à CGU:
 
a) Que faça um levantamento minucioso sobre as terras publicas distribuídas, quando não griladas, por grandes fazendeiros e empresários, em projetos de colonização ou de regularização fundiária, especialmente na região amazônica.    Estas propriedades deveriam respeitar a função social da terra (CF/1988).
 
b) Que faça um levantamento sobre as propriedades rurais compradas  por brasileiros laranjas de empresas estrangerias, para burlar a lei.   Recentemente o MST ocupou uma fazenda  1.400 ha, em São Lourenço/RS, de uma empresa chinesa, acobertada por esta pratica de usar testas-de-ferro. Até hoje nenhuma medida concreta foi adotada pelo governo.  Há dezenas de casos de usinas de açúcar/álcool falidas, com imensas áreas de terras agrícolas,  compradas pelo capital estrangeiro, sendo desnacionalizadas e burlando a lei. 
 
c) Que faça um levantamento sobre todos os projetos de perímetros irrigados, na região nordeste, sob a coordenação do  Ministério da Integração/Dnocs. São corriqueiras as denuncias, nessas regiões, que existem mais de 80 mil lotes   vagos ou ocupados irregularmente por empresários. Comprovadas as irregularidades, exigimos que esses lotes irrigados sejam imediatamente distribuídos para o assentamento das famílias de trabalhadores rurais sem terras acampadas na região.
d) Que retome a imediatamente a posse das terras  pertencentes à União que foram irregularmente apropriadas e usadas pela  empresa CUTRALE,  no município de Iaras/SP.
 
e)   Que a  Procuradorias Geral  dos estados, e outros órgãos competentes, investiguem a distribuição de terras publicas estaduais, em especial nos estados da Amazônia Legal, aonde tem ocorrido denuncias sistemáticas de distribuição dessas terras apenas à já latifundiários, políticos e empresários. 
 
Por último, será salutar à democracia brasileira se o jornalismo da Rede Globo se despir do seu partidarismo político, de viés sempre anti-social e anti-nacional, e contemplar em suas reportagens os casos irregularidades envolvendo os grandes proprietários rurais, o agonegócio e, até mesmo, os casos de sonegação fiscal, que não se restringem ao mundo rural.
 
O MST  apoia e contribuirá com as autoridades para que todas as injustiças e irregularidades cometidas sejam investigadas e, sendo comprovadas, sejam punidas.  Na questão da Reforma Agrária, continuaremos lutando para que as terras brasileiras sejam destinadas ao assentamento das famílias de trabalhadores rurais para, prioritariamente, produzir alimentos saudáveis. 
 
São Paulo, 4 de janeiro de 2016
Direção nacional do MST

SANEAMENTO É RECONHECIDO COMO UM DIREITO HUMANO

Nova resolução destaca a situação das mais de 2,5 bilhões de pessoas que vivem sem acesso a banheiros e sistemas de esgoto adequados no mundo todo. Falta de saneamento básico favorece proliferação de doenças infecciosas.

Uma nova resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, adotada em dezembro (17), reconheceu o saneamento básico como um direito humano separado do direito à água potável. A decisão pretende chamar a atenção para a situação das mais de 2,5 bilhões de pessoas que vivem sem acesso a banheiros e sistemas de esgoto adequados no mundo todo.

De acordo com o relator especial da ONU sobre os direitos humanos à água potável e ao saneamento básico, o brasileiro Léo Heller, a deliberação “dá para as pessoas uma percepção mais clara do direito (ao saneamento), fortalecendo sua capacidade de reivindicá-lo quando o Estado falha em prover os serviços ou quando eles não são seguros, são inacessíveis ou sem a privacidade adequada”. A resolução da Assembleia reconheceu a natureza distinta do saneamento em relação à água potável, embora tenha mantido os direitos juntos.

Para Heller, a ausência de estruturas sanitárias adequadas tem um ‘efeito dominó’, prejudicando a busca e o desfrute de outros direitos humanos, como o direito à saúde, à vida e à educação. A falta de saneamento favorece a transmissão de doenças infecciosas, como cólera, hepatite e febre tifoide. Segundo estudo recente realizado pela ONU, somadas as abstenções escolares de todos os alunos no mundo, problemas ligados à falta de saneamento e água fazem com que 443 milhões de dias letivos sejam perdidos todos os anos.

“Espera-se que a resolução da Assembleia tenha um impacto direto para as mulheres, crianças, pessoas com deficiência e indivíduos e grupos marginalizados que, atualmente, não têm acesso a saneamento. E uma oportunidade de destacar suas dificuldades”, disse Heller.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O FIM DA AMAZÔNIA


23/12/2015 18:49
 LÚCIO FLÁVIO PINTO
 
Há exatamente 30 anos, em 1985, o então presidente José Sarney fez a sua primeira visita à Amazônia. Foi ver o primeiro projeto de mineração a entrar em operação no Pará, a mina de bauxita da Mineração Rio do Norte, uma das maiores do mundo. Para pousar na pista do núcleo residencial de Porto Trombetas, o avião presidencial precisou passar por cima do lago Batata.
A visão foi constrangedora. Quase 20% da superfície líquida se tornara sólida, aterrada pelos rejeitos da lavagem do minério, que eram depositados no lago porque a mineradora não construíra uma bacia própria de deposição. O Batata, um dos maiores lagos que margeiam o grande rio, afluente da margem esquerda do Amazonas, estava sendo destruído sem clemência. O volume despejado até aquele momento correspondia à lavra de apenas uma década e meia.
A imagem chocou quem assistiu à exibição da reportagem sobre a visita, feita pela TV Globo, ecoando pelo mundo. A paisagem transformada do lago se parecia mais com Marte do que com a Terra, por sua coloração vermelha e o desaparecimento de toda forma de vida no local, dos peixes às plantas. Se dependesse da mineradora, que era controlada pela ainda estatal Companhia Vale do Rio Doce, associada a várias das multinacionais do ciclo do alumínio, o Batata estava condenado à morte.
Uma condenação absurda. Não só pelo aspecto ecológico: também pelo econômico. A MRN construiu uma ferrovia para transportar o minério por 30 quilômetros, da jazida até o porto privativo. Mas um terço da carga era rejeito, que só seria descartado no ponto de lavagem, à beira do rio. Além da lama vermelha, o processo produtivo gerava um pó da mesma cor, expelido pela chaminé, sem filtro, que cobria tudo.
A bauxita era lavada e depois seca porque parte da produção ia (e ainda vai) para o Canadá, local de origem da Alcan, que por alguns anos foi a única proprietária do projeto, até a CVRD se incorporar ao empreendimento para que ele pudesse ser retomado. O minério precisava ser seco para não congelar no porão dos navios que chegavam ao Canadá no inverno.
O forno de secagem do minério era alimentado de madeira, extraída arbitrariamente de uma área que seria inundada pela barragem da hidrelétrica do Trombetas. A usina não saiu até hoje, mas o ex-quase-futuro reservatório foi limpo e as árvores se transformaram em lenha até o alerta de que se tratava de um desmatamento absurdo.
O alerta veio através da repercussão internacional das imagens do lago, que desnudavam a aparência de normalidade da mineração. Desde o início a extração da bauxita devia ter um depósito de rejeito e o ponto de lavagem de minério no alto da serra, sem que o trem precisasse transportar (com ônus ambiental e econômico) material estéril num percurso de 30 quilômetros, para descartá-lo nas belas drenagens naturais da região de Oriximiná.
A partir da reação, a Rio do Norte fez uma inovação: passou a depositar o rejeito em buracos que abriu ao lado da mina e a recobri-los com terra vegetal para replantar as espécies nativas da floresta que derrubou, recompondo assim a paisagem. Foi a primeira aplicação à lavra de bauxita de uma técnica usada para uma atividade em menor escala, a lavra de fosfato nos Estados Unidos.
O erro inicial estava corrigido, mas não teria havido as mudanças sem pressão externa. Quanto custou a falta de iniciativa da própria mineradora? Nenhum cálculo foi feito na época e até agora. Mas uma ideia atualizada pode ser estabelecida a partir da constatação de que a cada ano a MRN descarta mais de cinco milhões de toneladas de material estéril.
Significa que, em 10 anos, terá produzido tanta lama de rejeito quanto a Samarco acumulou nas duas barragens que se romperam e provocaram a maior tragédia ambiental da mineração no Brasil. E a Rio do Norte já tem 30 anos de operação comercial, a mais antiga mineradora no novo ciclo da atividade, iniciado 60 anos atrás com a lavra de manganês no Amapá por outra multinacional, a siderúrgica americana Bethlehem Steel, em sociedade com o grupo empresarial de Augusto Trajano Antunes.
Essa muito mal conhecida história ensina que é inconfiável o compromisso das empresas de mineração de prevenir – ao máximo possível pela tecnologia disponível – os acidentes inerentes à sua atividade e minorar ao máximo os efeitos deles quando ocorrem por um acidente completamente fora do controle. A tragédia de Mariana não deixa dúvida, qualquer que tenha sido a causa do rompimento dos diques de contenção do rejeito da pelotização (agregação em pelotas) do minério de ferro, sobre um ponto: a negligência da Samarco, na qual a antiga CVRD (privatizada há quase 20 anos) tem metade das ações, em parceria com a anglo-australiana BHP-Billiton.
A empresa não respeitou o limite de segurança recomendado para reter os 50 milhões de toneladas de rejeitos que vazaram nem dispunha de uma alternativa segura para um acidente. O plano que elaborou não estava à altura do risco que um rompimento causaria à área situada abaixo das duas barragens que entraram em colapso. Daí a gravidade e extensão do dano que causou e dos prejuízos, que ainda nem foram exatamente calculados. O que já foi apurado, no entanto, é o bastante para que a sociedade brasileira se comprometa em dar um basta ao livre arbítrio das empresas de mineração (assim como das demais que possuem barragens, como as de energia) e obrigue o governo a sair da sua inércia, omissão ou incompetência, mais graves até do que a irresponsabilidade desses setores da iniciativa privada. Com um agravante: a Samarco é considerada como uma das melhores do setor. Como será a pior?
Uma resposta segura exige uma revisão rigorosa da situação das frentes econômicas que avançam sobre novas fronteiras na Amazônia, em particular no Pará. Há boas notícias no front, mas elas precisam ser relativizadas em função da dinâmica da ocupação da região, que ainda é marcantemente predatória e irracional. O Imazon, uma das mais ativas instituições de pesquisas amazônicas, apresentou uma dessas notícias, imediatamente comemorada, como aconteceu por ocasião da recente visita a Belém do príncipe herdeiro do trono japonês.
O Instituto do Homem e do Meio Ambiente constatou que 230 quilômetros quadrados (ou 23 mil hectares) foram desmatados na Amazônia Legal no mês passado. Houve redução de 5% em relação a outubro de 2014, quando o desmatamento somou 244 quilômetros quadrados. Já a área degradada de florestas foi muito maior, alcançando 1.009 km2, com incremento de 115% em relação a outubro de 2015, quando a degradação somou 468 km2.
A notícia é boa, mas não tão boa quanto parece. Primeiro, porque a derrubada de mata nativa prossegue, desfazendo a esperança quanto à viabilidade do tão apregoado desmatamento zero. Invariavelmente, a floresta virgem é substituída por cultivos de valor inferior e sem o mesmo desempenho ecológico.
Em segundo lugar, porque o corte raso, geralmente feito para a implantação de fazendas de gado ou plantio de culturas comerciais, como a soja, foi substituído pelo corte seletivo de madeira, que, mantendo a copa das árvores, não é registrado pelos satélites e camufla as estatísticas de desmatamento e degradação.
Mesmo quando ambas as agressões se reduzem ou desaparecem, não há muita razão para a comemoração. O Pará, onde o desmatamento diminuiu, a liberação de gases de efeito estufa é maior porque crescem as queimadas em áreas já alteradas. Por isso o Estado é o líder da região. Significa que a atividade humana se alterou numa fronteira já mais densamente ocupada. No entanto, segue a mesma diretriz em uma nova fronteira, como a do Amazonas, que abrigou 16% do desmatamento constatado em outubro, um índice elevado se comparado aos 29% de Mato Grosso, 26% de Rondônia e 24% do Pará.
O Estado da propaganda ecológica desencadeada pelo ex-governador e atual ministro (das minas e energia) Eduardo Braga desmorona, o que se evidencia ainda mais pelo índice de desmatamento, de 2%, do vizinho Roraima. O pioneiro que devastou os vales do Araguaia, Tocantins e Xingu chega com os mesmos procedimentos ao vale do rio Madeira. Por isso, a Amazônia continua a sofrer – e a desaparecer.
O resto é ingenuidade. Ou, então, propaganda.

A fotografia do desmatamento em Beruri (AM) e que ilustra esse artigo é de Albert César Araújo.
 
Lúcio Flávio Pinto é jornalista, sociólogo, formado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Editor do Jornal Pessoal, publicação alternativa que circula em Belém/PA desde 1987. Lançou recentemente o site Amazônia Hoje e blog Cabanagem. Autor de mais de 20 livros sobre a Amazônia, entre eles, “Guerra Amazônica”, “Jornalismo na linha de tiro” e “Contra o Poder”. Lúcio Flávio é o único jornalista brasileiro eleito entre os 100 heróis da liberdade de imprensa, pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras. 

ENTREGA DE FAIXA AO CAMPEÃO DOS CAMPEÕES

O REAL da comunidade Muirapinima foi o grande campeão do Campeonato Copa dos Campeões/15, promovido pela Associação das Comunidades da Região de Juruti Velho - Arcojuve, através da direção de Esporte Cultura e Lazer. A equipe venceu o Bota Fogo da comunidade Prudente nos pênaltis de 5 a 4 no campo da comunidade Muirapinima.

No dia 09 de janeiro acontecerá o torneio de entrega de faixa ao vencedor, a equipe adversaria será formada por uma seleção de craques que se destacaram durante a copa dos campeões oriundos de equipes das comunidades.

  ASCOM ACORJUVE

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

COSTURANDO RELAÇÕES

 
 

O Projeto Costurando Relações nos últimos anos tem capacitado mulheres do PAE Juruti Velho com um olhar atento a diversidade cultural retratado pela arte e criatividade materializada nos produtos criados pelas participantes dos cursos oferecidos pela ACORJUVE.
Levando em conta que o artesanato é um setor da economia cujo crescimento possui alto potencial de geração de trabalho e renda, merecendo uma política de desenvolvimento sustentável voltada para o setor, é que a ACORJUVE tem mantido  especial olhar as suas associadas  através do projeto Costurando Relações estimulado o resgate das vocações pela costura, levando à preservação da cultura local e à formação de uma mentalidade empreendedora, por meio da capacitação destas associadas. O padrão de qualidade e a capacidade de produção são alguns dos fatores que determinam a aceitação destes produtos no mercado.
O projeto Costurando relações foi criado em 2012, através da formação e capacitação de militantes da Igreja Católica e membros da ACORJUVE através da Caritas Diocesana de Óbidos, hoje mais de 330 mulheres receberam formação através do projeto e contribuem na geração de renda de suas famílias.
Neste mês de janeiro mais 04 cursos serão oferecidos e a meta é capacitar 40 mulheres através das oficinas de confecções de calcinhas e cuecas, confecções de bolsas ecologicamente corretas, camisas de meias e roupas infantis, o projeto conta com o monitoramento de mulheres associadas a entidade e capacitadas pelo projeto.  
 
 

CONSELHO REUNE PARA ELABORAR RESPOSTA A DOCUMENTO AO MP

Foto de Acorjuve Juruti Velho.Aconteceu hoje sábado, (19) reunião do conselho Fiscal Comunitário, Diretoria e Assessoria da Acorjuve, com objetivo de socializar as negociações entre ALCOA, ACORJUVE, INCRA, MPE na reunião bilateral realizada em Belém, no mês de setembro, ocasião em que foi reformulada as propostas referentes as perdas e danos no período de 2006 a 2010. Na reunião foi analisado, discutido e apresentado encaminhamentos para a documentação que será encaminhada pela Associação ao MP e Incra. Uma das propostas encaminhada foi, que a direção agendasse reunião na Vila Muirapinima com a presença do MP para esclarecer junto ao povo a proposta deste referente a criação do Fundo de gerenciamento dos recursos oriundos da perdas e danos.