terça-feira, 12 de abril de 2011

ARQUIVO - 24/4/2010

 Presidente mundial da Alcoa visitará Juruti

Por Jeso Carneiro em 24/4/2010 às 08:41

Em maio (dia 3), desembarca em Manaus (Amazonas) a mais alta cúpula da Alcoa, todos integrantes do Conselho de Administração da multinacional norte-americana, entre os quais o presidente mundial Klaus Kleinfeld (foto), eleito para o cargo em maio de 2008.

No roteiro dos executivos, a escala principal em terras brasileiras é a cidade de Juruti, onde a Alcoa tem um megaprojeto mineral de extração de bauxita.
Lá, Kleinfeld e comitiva vão passar dois dias, numa agenda que inclui até visita à comunidade de Juruti Velho, um dos focos de maior resistência à implantação da mina da multinacional naquele município.
É a terceira viagem dos membros do Conselho de Administração da Alcoa Inc. fazem ao Brasil nos últimos 6 anos.

RESPOSTAS

Será que ele sabe que as empresas contratadas da Alcoa aqui em Juruti não estão pagando os fornecedores locais ?

Do professor universitário Everaldo Portela, sobre o post Presidente mundial da Alcoa visitará Juruti:

Sempre fui muito crítico em relação às multinacionais, sobretudo as que atuam na exploração dos recursos naturais da Amazônia. E sempre estarei com o olhar atento analisando criticamente tudo a fim de descobrir a autêntica verdade das coisas.

Sei quais são os interesses da Alcoa na Amazônia e seu principal objetivo é ganhar dinheiro! Essa é a lógica número um do capitalismo.

Temos de reconhecer que o comando da Alcoa está olhando com muita atenção para o que está acontecendo em relação às suas operações na mina de Juruti Velho.

A empresa tem conseguido impor seus objetivos com relativo conforto, afinal, conseguiu do governo todas as autorizações que precisava e pediu e, enfim, está minerando e ganhando milhões de luco mensal, que se multiplicam ainda mais quando a matéria prima de Juruti Velho é beneficiada, transformada em alumina, em alumínio e, em seguida, bens equipamentos, ferramentas, máquinas e bens de consumo.

A mina de Juruti Velho, historicamente pratrimônio do povo da região, está ajudando a roda da economia mundial voltar a girar, a sair da crise. E a Alcoa, certamente, está “feliz” com isso!
No entanto, o povo da região, os nativos, os primeiros habitantes, os mais próximos herdeiros dos povos indígenas não estão tão animados assim, pelo contrário, continuam insatisfeitos mas também organizados.

Temendo novas mobilizações de protesto contra suas operações na região, a empresa teve ou aceitou estabelecer e sentar na mesa de negociação com as comunidades tradicionais do PAE Juruti Velho.
Por conta dessas negociações, a empresa já está pagando ao povo, mensalmente, o correspondente a participação no resultado da lavra, conforme determina a lei (1,5% do rendimento líquido!), no entanto, a Alcoa tem sido muito mesquinha na mesa de negociação, pois as mineradoras estão mal acostumadas a prometer o paraíso do desenvolvimento e dar migalhas ao povo.

Enquanto a empresa garante seu presente, o povo fica sem perspectiva de futuro. A Alcoa está realmente querendo escrever uma nova página da mineração na Amazônia, ou continuará apenas seguindo a lógica do capitalismo predatório apresentando a falsa imagem da sustentalibilidade?

Esperamos que o presidente da Alcoa seja mais maleável que alguns de seus negociadores e, efetivamente, compreenda que é o povo da região o verdadeiro dono da mina a qual ela, “legalmente” se apropriou.

Os direitos do povo da região sobre suas minas é muito maior do que o que determina a lei brasileira, é muito maior do que o que as empresas normalmente consideram. Que o presidente da Alcoa venha para dar e abrir as mãos e não para impor seus interesses, que venha disposto a ceder e não a conquistar.
Se for assim, que Mr. Klaus Kleinfeld seja bem vindo!

É muito fácil e exige pouca reflexão simplesmente definir quem é o mocinho e o bandido da história. A empresa chego em Juruti há anos e cometeu uma série de erros contra a população local e o meio ambeinte, embora tenha trazido conigo um batalhão de instituições para que justamente isso não acontecesse.

Juruti Velho, porém, mesmo estando em seus plenos direitos, está longe de ser uma região simplesmente marginalizada e esquecida. O município tem mais de 120 anos e somente agora os moradores da regiãp conseguiram titular suas terras. Com a exploração da bauxita, têm garantido o direito de receber os royalties, afora ações de compensação que até certo tempo esatavam sendo negociadas inclusive com a própria associação.

A ACORJUVE tem sim que continuar firme, defendendo seus direitos e avançando nas conquistas. Mas não simplesmente colocando a empresa na parede como pivô de todas as reivindicações. O Poder Público aqui tem sido deixado de lado, sendo ele o principal responsável pela maioria das reivindicações da ACORJUVE. Além da titulação das terras, ouvem-se muit o os pedidos de construção de casas, escolas, infraestrutura rural, urbanização onde é possível, etc, todas de responsabilidade do poder público.

Mais uma vez repito: refletir pouco sobre a situação e apontas o BOM e MAU é muito fácil. Só pra gente pensar um pouco…
  1. EVERALDO PORTELA  27 de abril de 2010 às 15:38
Jeso,  Não posso deixar de me manifestar a respeito dos comentários do José Antonio Guimarães. Afinal, contém graves acusações e diz respeito a uma matéria que redigi.

É muita coragem se identificar fazendo tão graves acusações. E, quem acusa tem o ônus da prova. Todas as mansões que existem em Santarém são conhecidas e possuem endereço certo. Que o José Antonio nos indique o endereço dessa tal mansão que diz pertencer ao presidente da associação.

Penso que o José Antonio está atirando para o lado errado e acertando pessoas inocentes e, digo mais, sem acertar ninguém que merecesse qualquer uma das acusações que faz. Essas acusações e esse discurso tem um fundo preconceituoso e só serve para atender aos interesses dos grandes empreendimentos de exploração predatória dos recursos naturais, como quem está olhando a realidade amazônica do ponto de vista do colonizador…

1. A “associação” a qual o José Antonio se refere é a ACORJUVE (Associação das Comunidades da Região de Juruti Velho).
2. a ACORJUVE tem uma diretoria composta de mais de quarenta membros cada um representando diferentes comunidades que compõem o PAE Juruti Velho .
3. No PAE Juruti Velho a posse da terra, o CDRU é coletivo representado e administrado pela ACORJUVE.
3.O PAE Juruti Velho é composto de mais de 8 mil moradores reunidos em cerca de 2.500 famílias que habitam secularmente um total de 45 comunidades tradicionais da região.
4. As casas estão sendo construídas com recursos do INCRA, da mesma forma como em outros assentamentos, portanto, a construção das casas não é nenhum privilégio do PAE Juruti Velho.
5. A aplicação dos recursos relativos aos resultados da lavra acabou de ser decidida em Assembléia Geral da ACORJUVE, portanto, ainda é cedo demais para ver investimentos e mais ainda seus resultados. Os recursos recebidos continuam depositados no Banpará e aplicados na poupança!
6. Os recursos recebidos pela ACORJUVE assim como toda a sua aplicação financeira serão permanentemente acompanhados pelo ministério público que, inclusive, já o solicitou formalmente. Portanto, fiquem certos de que o ministério público está de olho e caso observe alguma problema, vai agir no sentido de resolvê-lo.
7. O ministério público (federal e estadual) tem acompanhado diretamente todo o processo de negociação entre a ALCOA, o INCRA e a ACORJUVE e jamais vai deixar de cumprir seu papel encobrindo qualquer irregularidade que perceba. Qualquer tolerância com eventuais irregularidades cometidas pela Associação só servirão para enfraquecer a luta do povo e os interesses coletivos em jogo.
Não defendo ninguém que esteja se apropriando de recursos coletivos e se alguém o fizer vai ter de arcar com as conseqüências e pagar pelo que fez, mas tenho certeza de que essas acusações do José Antonio Guimarães são levianas e falsas e visam enfraquecer a organização do povo da região no enfrentamento contra a Alcoa.

A manifestação livre do pensamento é algo a se defender sempre. Entretanto, a LEVIANDADE é algo a se condenar!
Que base tem esse cidadão (José Antônio Guimarães) para fazer uma afirmação como essa da ACORJUVE? – que é uma das entidades sociais mais sérias e atuantes do oeste paraense, encontrando-se em luta permanente contra uma das multinacionais mais poderosas do mundo.
Gostaria que o Sr José Guimarães dissesse qual é mansão que a Associação tem em Santarém.
Se isso fosse verdadeiro, os integrantes da ACORJUVE (inclusive o presidente) não precisariam ficar acomodados na residência do advogado deles sempre que vem em Santarém, mas ficariam em uma das mansões que tem aqui..
Afirmações levianas como essa só atrapalham o debate sobre assuntos extremamente importantes para a nossa região, como é o caso da mineração em terras de comunidades tradicionais, tão bem tratado pelo professor Everaldo Portela.

JOSÉ ANTONIO GUIMARÃES 25 de abril de 2010 às 11:46
Jeso, não defendo á Alcoa, mais esse pessoa da associação de Juruti – Velho, está sendo muito bem beneficiado,em função da ALCOA,são mais de 200 casas que estão sendo construido,agora um desses dias foi a Governadora e liberou mais 3500.000,000,00(tres milho~es e meio de reai)para concluirem as casas agora alcoa depositou 1.300.000.00(hum milhão e tresentos mil reais)na conta da associação,o que tem que ser feito é a justiça mandar investigar os caras que mandam na associão que todos eles já são donos de lanhas casas inclussivel o presidente da associação tem aí em santarém uma manssão na cara do ministerio público federal , o pequeno só serve para fazer fogo para o presidente da associação.


Capitalismo e sustentabilidade, onde viste isso companheiro? Everaldo, Everaldo acorda.


Grande Gil! Tenho o mesmo sentimento de que capitalismo e sustentabilidade são inconciliáveis… Mas, veja bem, não podemos deixar de apostar na sustentabilidade, seja lá em qual sistema econômico for e, infelizmente ainda estamos no capitalismo que impõe a lógica da acumulação do capital sobre todos as outras. É claro que os capitalistas sempre agirão como capitalistas, querendo ganhar, a qualquer custo (inclusive o custo dos danos socioambientais!) mais e mais dinheiro.

Penso que não podemos declararmo-nos derrotados pela lógica do capitalismo predatório… Embora não acredite em capitalismo sustentável, uma das idéias que mais tem sido difundida nos últimos anos é a de que os grandes empreendimentos econômicos na Amazônia são sustentáveis… Estão legalmente habilitados do ponto de vista do LICENCIAMENTO AMBIENTAL.

O saque das riquezas naturais da Amazônia, o massacre cultural de seus povos e a agressão ambiental virou obra de UTILIDADE PÚBLICA.
O capitalismo sempre vai olhar a sociedade do ponto de vista do interesse econômico, cabe-nos pensar a economia do ponto de vista do interesse da sociedade, onde o aspecto socioambiental é preponderante.
Fonte: http://www.jesocarneiro.com.br/oeste-do-para/interesses-da-alcoa-e-o-povo-de-juruti-velho.html


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