A ACORJUVE é fruto da angústia e
esperança das famílias tradicionais da região de Juruti Velho. Angústia,
porque, vivendo há décadas em suas terras, conviviam com a insegurança de não
possuírem o documento dessa terra, que também pertenceu a seus ancestrais
Mundurukus, situação que os tornava tão apenas observadores de empresários, madeireiros
e grileiros que levavam embora suas riquezas, fomentando mais pobreza na
população. Esperança, pois sempre acreditaram que suas vidas jamais poderiam
ser separadas das riquezas naturais existentes naquele território que sempre
souberam preservar, pois que há cumplicidade em suas existências; fé e clareza
foram os ingredientes, a base que estimularam a luta para o nascimento da
ACORJUVE.
A ACORJUVE foi fundada em 21 de março de
2004, como uma associação civil, de direito privado, sem fins econômicos,
constituída pela união e solidariedade dos moradores tradicionais e permanentes
das Comunidades da Região de Juruti Velho, numa assembléia que reuniu quase
2.000 pessoas. A ACORJUVE, em seu
estatuto, considera permanente, o morador que há mais de 05 (cinco) anos tem a
posse da terra, e nela trabalha em regime de produção familiar em qualquer ramo
de atividade, tais como, agropecuária, extrativista, de artesanato, com
exploração direta e contínua. Sua fundação representa o fecho de uma etapa de
discussões sobre a melhor e mais adequada forma de lutar pelos direitos, e o
início de outra etapa que tem como base a organização coletiva de todos os
moradores tradicionais que habitam as 48 comunidades da conhecida região de
Juruti Velho, pois que já existiam várias associações em diversas comunidades,
mas representavam os interesses dos moradores daquela comunidade específica.
Com a criação da ACORJUVE, a unidade
se fortaleceu, ampliando a participação, entretanto sempre permanecendo a
consideração às associações já criadas e as que, porventura, venham a se
constituir, com quem a ACORJUVE sempre manterá convivência respeitosa e de
ajuda mútua.
A ACORJUVE
é uma associação democrática, livre, sem interferência externa, não fazendo
distinção de qualquer natureza entre seus associados. Atualmente, representa
junto ao INCRA e a outros órgãos as famílias beneficiárias do Projeto de
Assentamento Agroextrativista – PAE JURUTI VELHO –, todas moradoras em
comunidades localizadas na Região de Juruti Velho, Gleba Juruti Velho, sendo a
responsável em zelar pelo cumprimento dos termos do Contrato de Concessão de
Direito Real de Uso (CDRU) gratuita e resolúvel, de caráter perpétuo, que a
UNIÃO, por meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA),
celebrou com a ACORJUVE, em 30 de agosto de 2009.
A ACORJUVE
tem como objetivo permanente: administrar, guardar, zelar, fiscalizar e
controlar as terras ocupadas pelas comunidades tradicionais da região de Juruti
Velho compreendidas no PAE Juruti Velho, tomando as providências
administrativas e judiciais necessárias para tal fim, assegurando que as
intervenções a serem realizadas na área sejam aprovadas pelas autoridades
competentes, respeitados os licenciamentos ambientais respectivos; representando
os interesses das comunidades e dos moradores que fizeram opção pela terra
coletiva, especialmente para garantir infraestrutura necessária ao
desenvolvimento das famílias, incentivando o desenvolvimento sustentável das
comunidades de sua abrangência em todos os seus aspectos, agindo em defesa da
função social da terra, contra a exploração predatória da terra e de seus
recursos naturais, tendo em vista à sadia qualidade de vida das comunidades da
região; atuando, ainda, em defesa da preservação e resgate da cultura e
tradição dos habitantes das comunidades da região de Juruti Velho, com isso
buscando unir e solidarizar-se com os movimentos sociais e da classe
trabalhadora, atuando sem descanso na defesa dos direitos e garantias ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida,
inclusive tomando e implementando medidas necessárias em face de empresas
mineradoras, madeireiras e plantadoras de grãos, ou que agem a seus interesses,
visando à preservação e conservação ambiental da Região, como meio de erradicar
a pobreza e a marginalidade e reduzir as desigualdades sociais, tendo sempre
como referência as comunidades tradicionais da Região de Juruti Velho.