O governo prepara um pacote de estímulos para a indústria do alumínio. Entre as medidas de apoio estão desde estratégias para redução da tarifa de energia até ações fiscais que incentivem o adensamento da cadeia de produção. O objetivo é dar condições para que o setor continue a ser um grande exportador, e não importador. Um grupo interministerial foi montado para estruturar uma política voltada exclusivamente para indústria do alumínio. Uma das ações será incentivar a presença dos produtores de alumínio em projetos de geração de energia, afirma o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão
terça-feira, 12 de julho de 2011
Plano para garantir oferta no país
O governo prepara um pacote de estímulos para a indústria do alumínio. As medidas de apoio ao setor, conforme apurou o Valor, envolverão desde estratégias para redução da tarifa de energia, até ações fiscais que incentivem o adensamento da cadeia de produção do metal no país. Na prática, o governo quer garantir o suprimento do alumínio no mercado interno - ameaçado a depender de importações em alguns anos - e, paralelamente, apoiar a indústria nacional de transformação do metal. O objetivo é dar condições para que o setor continue a ser um grande exportador, e não importador.
Um grupo interministerial já foi montado para estruturar uma política voltada exclusivamente para indústria do alumínio. Esse comitê reunirá representantes dos ministérios de Minas e Energia, Fazenda e Desenvolvimento, Indústria e Comércio. O BNDES também vai compor o grupo. Dentro de até 90 dias, o governo vai divulgar um plano de ações.
As informações foram confirmadas pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. "O Brasil continua a ser um grande exportador de alumínio. Acontece que há um crescimento significativo da economia do país e, dada a projeção de crescimento do PIB para os próximos anos e a demanda nesse mercado, nós estamos prevendo que, a partir de 2015 poderemos ter dificuldades com o fornecimento de alumínio, se nada for feito", afirmou Lobão, em entrevista ao Valor.
Nas próximas semanas, segundo o ministro, será feito um levantamento detalhado para traçar um mapa do consumo atual do setor de alumínio no país, sua capacidade atual de produção, as necessidades futuras e o que pode ser feito como estímulo. "Essa política para o alumínio brasileiro será coerente com o crescimento do país, o atendimento ao consumo interno", afirmou.
Procurados, a Abal, entidade do setor, e representantes da indústria não quiseram se pronunciar.
Segundo Lobão, uma das ações será incentivar a presença dos produtores de alumínio em projetos de geração de energia. "Daremos todos os estímulos para que entrem nesses projetos. Estamos concluindo, por exemplo, a construção da usina hidrelétrica de Estreito, que vai gerar 1,1 mil MW. Ali, a Alcoa já está presente", comentou o ministro. "Veja o caso da Vale em Belo Monte. Chegou a ser dito que a Vale foi compelida a entrar no projeto [no lugar do grupo Bertin ]. Não é nada disso. A Alcoa queria entrar, a Votorantim também. A Vale competiu para participar do consórcio e ganhou. E ela é uma produtora de alumínio."
Na verdade, a Vale vendeu seus ativos de alumínio para a norueguesa Norsk Hydro no ano passado, alegando falta de escala e de custo competitivo no suprimento de energia no país para investir em novas fábricas. Em 2009, decidiu fechar a Valesul, em Santa Cruz (RJ), que fazia 90 mil toneladas devido ao elevado custo da energia para aquela fábrica.
A presença dos produtores de alumínio também é esperada em outros projetos, como o de Serra Quebrada, hidrelétrica de 1,3 mil MW, a ser instalada no rio Tocantins, entre Maranhão e Tocantins.
"A indústria do alumínio requer tarifas [de energia] mais baixas. O que tem ocorrido até aqui é que muitos contratos antigos que contemplavam essa indústria com tarifa baixa estão vencendo e as tarifas vão sofrendo algum reajuste", disse Lobão. "Por outro lado, o dólar baixo também influencia em um custo mais elevado do alumínio nacional. Isso tudo está sendo visto e considerado", completou.
A criação de uma política industrial para o alumínio é um pleito antigo do setor. Este ano, o volume de produção de alumínio primário no país caiu, devido ao fechamento de outra fábrica, a da Novelis, em Aratu, na Bahia, no fim de 2010. De janeiro a maio, foram produzidas 592,5 mil toneladas do metal, uma queda de 6,6% comparado ao mesmo período de 2010, segun
Um grupo interministerial já foi montado para estruturar uma política voltada exclusivamente para indústria do alumínio. Esse comitê reunirá representantes dos ministérios de Minas e Energia, Fazenda e Desenvolvimento, Indústria e Comércio. O BNDES também vai compor o grupo. Dentro de até 90 dias, o governo vai divulgar um plano de ações.
As informações foram confirmadas pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. "O Brasil continua a ser um grande exportador de alumínio. Acontece que há um crescimento significativo da economia do país e, dada a projeção de crescimento do PIB para os próximos anos e a demanda nesse mercado, nós estamos prevendo que, a partir de 2015 poderemos ter dificuldades com o fornecimento de alumínio, se nada for feito", afirmou Lobão, em entrevista ao Valor.
Nas próximas semanas, segundo o ministro, será feito um levantamento detalhado para traçar um mapa do consumo atual do setor de alumínio no país, sua capacidade atual de produção, as necessidades futuras e o que pode ser feito como estímulo. "Essa política para o alumínio brasileiro será coerente com o crescimento do país, o atendimento ao consumo interno", afirmou.
Procurados, a Abal, entidade do setor, e representantes da indústria não quiseram se pronunciar.
Segundo Lobão, uma das ações será incentivar a presença dos produtores de alumínio em projetos de geração de energia. "Daremos todos os estímulos para que entrem nesses projetos. Estamos concluindo, por exemplo, a construção da usina hidrelétrica de Estreito, que vai gerar 1,1 mil MW. Ali, a Alcoa já está presente", comentou o ministro. "Veja o caso da Vale em Belo Monte. Chegou a ser dito que a Vale foi compelida a entrar no projeto [no lugar do grupo Bertin ]. Não é nada disso. A Alcoa queria entrar, a Votorantim também. A Vale competiu para participar do consórcio e ganhou. E ela é uma produtora de alumínio."
Na verdade, a Vale vendeu seus ativos de alumínio para a norueguesa Norsk Hydro no ano passado, alegando falta de escala e de custo competitivo no suprimento de energia no país para investir em novas fábricas. Em 2009, decidiu fechar a Valesul, em Santa Cruz (RJ), que fazia 90 mil toneladas devido ao elevado custo da energia para aquela fábrica.
A presença dos produtores de alumínio também é esperada em outros projetos, como o de Serra Quebrada, hidrelétrica de 1,3 mil MW, a ser instalada no rio Tocantins, entre Maranhão e Tocantins.
"A indústria do alumínio requer tarifas [de energia] mais baixas. O que tem ocorrido até aqui é que muitos contratos antigos que contemplavam essa indústria com tarifa baixa estão vencendo e as tarifas vão sofrendo algum reajuste", disse Lobão. "Por outro lado, o dólar baixo também influencia em um custo mais elevado do alumínio nacional. Isso tudo está sendo visto e considerado", completou.
A criação de uma política industrial para o alumínio é um pleito antigo do setor. Este ano, o volume de produção de alumínio primário no país caiu, devido ao fechamento de outra fábrica, a da Novelis, em Aratu, na Bahia, no fim de 2010. De janeiro a maio, foram produzidas 592,5 mil toneladas do metal, uma queda de 6,6% comparado ao mesmo período de 2010, segun
do dados da Associação Brasileira do Alumínio (Abal). A fábrica da Novelis tinha capacid
ade de quase 60 mil toneladas por ano. A empresa alegou na época custo de energia superior a US$ 60 o MWhora na renovação de contrato com a Chesf.
O Brasil é hoje o sexto maior produtor mundial de alumínio primário, atrás de China, Rússia, Canadá, Estados Unidos e Austrália. Mas a previsão é se estagnar na produção de metal. Dono da terceira maior jazida de bauxita do planeta, que é a matéria-prima do metal, o país é o quarto maior produtor de alumina. Caminha para se transformar em grande exportador das duas matérias-primas.
Novelis e Votorantim / CBA já estão importando metal bruto para suprirem suas laminações. Ao fortalecer a cadeia de empresas que atuam no set
O Brasil é hoje o sexto maior produtor mundial de alumínio primário, atrás de China, Rússia, Canadá, Estados Unidos e Austrália. Mas a previsão é se estagnar na produção de metal. Dono da terceira maior jazida de bauxita do planeta, que é a matéria-prima do metal, o país é o quarto maior produtor de alumina. Caminha para se transformar em grande exportador das duas matérias-primas.
Novelis e Votorantim / CBA já estão importando metal bruto para suprirem suas laminações. Ao fortalecer a cadeia de empresas que atuam no set
or, o governo quer evitar uma situação que hoje preocupa no mercado de minério de ferro, no qual o país é o segundo maior exportador, mas já importa aço acabado para atender a demanda doméstica. (Colaborou Ivo Ribeiro, de São Paulo)
Fonte:Valor Econômico - 05/07/2011
André Borges | De Brasília
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