aio, de
uma audiência pública realizada na sede Sygnus Clube, em Juruti, promovida pelo
Movimento Acorda Juruti. Na oportunidade, representantes das mais de vinte
entidades que integraram o movimento mostraram sua insatisfação com a empresa
ALCOA, responsável pela exploração de bauxita no município.
Dentre
as entidades que integram o Movimento Acorda Juruti estão a Associação
Comercial e Empresarial de Juruti (ACERJ), Associação das Comunidades da Região
de Juruti Velho (ACORJUVE), Movimento Juruti no Limite, Movimento Juruti em
Ação, Sindicato dos Mototaxistas de Juruti, Associação das Comunidades da Gleba
Curumucuri (ACOGLEC) e Associação das Comunidades do Planalto Mamuru (ACPM). Mas
a a
usência da empresa ALCOA, que não enviou representantes à audiência, deixou
muita gente insatisfeita. “A ausência da empresa é um desrespeito total. Isso
mostra que a empresa não quer falar a verdade para o povo. Demonstra que não é
verdade tudo aquilo que vem dizendo que investiu no município de Juruti”, disse
Gerdeonor Pereira, presidente da ACORJUVE.
Na
oportunidade, o assessor jurídico do movimento, advogado Dilton Tapajós,
apresentou informações que, segundo ele, vão de encontro com as informações
d
ivulgadas pela ALCOA. Dilton fez um comparativo do que a empresa prometeu em
2005, por ocasião de sua instalação em Juruti e do que foi realizado de
concreto. Segundo Dilton, em 08 anos de implantação e operação a empresa falta
cumprir muitos compromissos assumidos em audiência púbica promovida há 08 anos.
De acordo com dados apresentados pelo advogado, nessa audiência pública a
empresa prometeu gerar 5.800 empregos diretos, mas está gerando somente 2.109
de forma direta e indireta. É o que mostra, de acordo com Dilton, um panfleto
distribuído pela ALCOA.
Outra
informação apresentada pelo assessor jurídico do Movimento Acorda Juruti, que
também chamou a atenção das pessoas que estiveram presentes no manifesto da
última 4ª feira: a ALCOA prometeu integração com a comunidade, que não iria
construir vilas especiais para funcionários etc. Mas está fazendo o oposto do
que prometeu. A prova, de acordo com Dilton, é a construção de um residencial
no bairro Bom Pastor, em que tanto a empresa contratada para executar o serviço
de construção quanto o material utilizado na obra são provenientes de outras
cidades, deixando de ofertar emprego para moradores de Juruti e deixando de
gerar renda no comércio local, que poderia muito bem fornecer o material de
construção necessário.
Mas
a indignação do advogado não para por aí. Ele também quis saber das ações para
aproveitamento científico da vegetação, com informações à comunidade; criação e
manutenção de unidade de conservação; apoio na implantação do plano diretor de
Juruti, com infraestrutura necessária, inclusão para a realocação da população
remanejada, em especial aqueles moradores que vivem em áreas por onde passa a
ferrovia da mina, que coloca em risco a vida de muita gente, principalmente de
crianças; plano de oportunidades de investimentos e incentivos às atividades
locais; cursos profissionalizantes seriam realizados no período entre a licença
prévia e a licença de instalação; empregos seriam primeiramente para moradores
de Juruti; cursos de capacitação para professores e construção de mais salas de
aula etc. “Mas, infelizmente nem um representante da empresa veio a esta
audiência pública para esclarecer esses fatos”, lamentou Dilton Tapajós.
O
prefeito em exercício de Juruti, Jonas Moraes, participou da audiência e disse
que a reivindicação da comunidade é legal, democrática. Lamentou a ausência da
ALCOA, que, segundo ele, perdeu uma oportunidade de conversar com a comunidade.
Com relação à Agenda Positiva, na qual a empresa prometeu realizar diversas
ações em Juruti, Jonas disse que muitas obras ainda não foram executadas. “Nós
estamos sentando com a empresa para avaliar a Agenda Positiva e discutir novas
propostas para executar na atual administração”, destacou o prefeito em
exercício.
O
ex-prefeito de Juruti, Henrique Costa, também participou da audiência. Na
oportunidade, ele propôs uma prestação de conta dos recursos repassados pela
ALCOA durante sua administração (2005-2012), bem como mostrar em que foram
utilizados esses recursos, repassados através de impostos à Prefeitura de
Juruti.
O
deputado estadual Zé Maria (PT), filho de Juruti, também se manifestou na
audiência pública, e se mostrou favorável à implantação d
e uma empresa para o
beneficiamento da bauxita em Juruti. “Uma das alternativas pra geração de
emprego e renda é a industrialização dessa bauxita, em Juruti. Do contrário,
nós estaremos alimentando uma possibilidade da geração de outros empregos, que
não tem. Pois nós já conhecemos que apenas a forma de extração, como está sendo
feita hoje, gera poucos empregos. Eu acho que a saída para essa questão da
mineração em Juruti é buscar alternativas para verticalizar essa produção de
minério”, disse o parlamentar.
“Vamos
fechar a nossa pauta de reivindicações e entregar o
documento ao Ministério
Público Federal para o mesmo seja encaminhado à ALCOA. Esperamos que a empresa
dê uma resposta ao Ministério Público e, de acordo com essa resposta, o
movimento vai avaliar e tomar uma decisão de como vai proceder a partir de
agora. A nossa pauta de reivindicações possui 22 itens. Não e nada de absurdo.
É tudo que a empresa prometeu em 2005 e que não vem sendo cumprido”, finalizou
Gerdeonor Pereira.
A
audiência durou cerca de 05 horas. E, no final, o documento, que apresenta as reivindicações levantadas pelas 22 entidades
que formam o Movimento Acorda Juruti, foi entregue à Ticiana Nogueira,
representante do Ministério Público Federal – MPF, que veio de Brasília
especialmente para participar da audiência pública.
Texto: Udirley
Andrade
Fotos: Isabel
Cristina/ACORJUVE