Em 2004, a fim de lutar por
benefícios que pudessem contribuir para a melhoria da qualidade de vida e para
o desenvolvimento da região de Juruti Velho, composta por 49 comunidades, foi
criada a ACORJUVE – Associação das Comunidades da Região de Juruti Velho, onde
vivem mais de nove mil pessoas.
O atual diretor administrativo
da ACORJUVE, Gerdeonor Pereira, lembra que antes da associação, o
individualismo era intenso na região. As comunidades eram desunidas, cada
morador pensava somente em sua situação e a luta em busca de melhorias era
fraca, sem resultados positivos.
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Gerdeonor P. dos Santos Presidente da ACORJUVE |
Os investimentos feitos nas
comunidades são definidos em reuniões e assembleias organizadas pela ACORJUVE.
Com as prioridades definidas, a associação e a comunidade organizam um puxirum.
Cabe à ACORJUVE o fornecimento do material necessário para a execução da obra.
E à comunidade, o fornecimento da mão de obra. “Deu certo essa parceria entre a
comunidade e a diretoria da ACORJUVE, estamos construindo muitas coisas e vamos
construir muito mais”, destaca Gerdeonor.
Gerdeonor Pereira também
ressaltou que no período de 2005 a 2012 foi feita uma parceria entre a ACORJUVE
e a Prefeitura de Juruti para a execução de algumas obras em muitas
comunidades. E essa parceria deve ser mantida com o governo atual. Gerdeonor
garantiu que os primeiros contatos como o novo prefeito de Juruti, Marco
Aurélio Dolzane do Couto, já foram feitos.
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Uma das grandes conquistas de
muitos moradores foi o abastecimento de água potável. Durante décadas os moradores
eram obrigados a carregar água em baldes e latas das margens do lago e dos
igarapés. Era um sacrifício que se repetia todos os dias e quase sempre
protagonizados por mulheres e crianças, já que os homens estavam nas roças ou
pescando para garantir o sustento diário.
Em muitas outras comunidades a
ACORJUVE contribuiu e está contribuindo para a ampliação da rede de
distribuição de água. É o que vem acontecendo na comunidade de Juruti-Açu, onde
vivem 56 famílias. Nesta comunidade, a ACORJUVE vai realizar o sonho de 11
famílias que ainda precisam carregar a água de igarapés, das margens do lago e
de casas de vizinhos para beber, tomar banho, lavar louças e roupas, e preparar
seus alimentos. O microssistema de abastecimento de água foi construído pela
Prefeitura de Juruti e não contemplou todas as famílias da comunidade. No
verão, quando o nível da água do lago baixa, os moradores caminhavam bastante
para conseguir um pouco de água. “É muito ruim ver muitos vizinhos tomando uma
água boa enquanto outros ainda são obrigados a tomar a água do rio. Quando o
verão é muito grande a água do lago baixa bastante e fica só uma lama. Era um
grande sacrifício. Então, a ACORJUVE viu essa situação e resolveu ampliar a
rede para as demais famílias. Agora muitas senhoras,
donas de casas, terão um sossego. A água é de qualidade e boa para beber”,
disse o líder comunitário Francisco Batista de Almeida, de Juruti-Açu.
“Agradecemos a Deus e a Direção
da ACORJUVE pela iniciativa. Antes, a gente precisava caminhar até 200 metros
para pegar a água no rio. Era uma dificuldade para todas as famílias. Erámos
o
brigados a carregar água a qualquer hora, de dia, de noite, na chuva. Além
disso, essa água causava vários problemas de saúde”, ressaltou o pescador João
Filho, que há 26 anos mora na comunidade Zé Maria, onde vivem 12
famílias.
Gerdeonor Pereira garante que
oitenta por cento das nossas comunidades do PAE Juruti Velho já possuem água de
qualidade.
ENERGIA ELÉTRICA
Energia elétrica de qualidade
também está chegando a muitas famílias da região de Juruti Velho.
Na comunidade de Pedreira, as 11
famílias que moram ali vão receber energia elétrica em casa nos próximos dias.
Com recursos destinados ao uso coletivo, a ACORJUVE adquiriu um gerador de
energia e está em fase de implantação da rede de distribuição.
O coordenador da comunidade,
Danilson Teodoro de Almeida, lembra que à noite a escuridão é grande na
comunidade. Atualmente, para assistir a um jogo, por exemplo, a família de seu
Danilson se reúne, compra o combustível para o funcionamento de um pequeno
gerador instalado em uma embarcação. Segundo ele, sair de casa à noite é meio
perigoso, pois é comum a presença de animais peçonhentos tanto nas estradas
quanto nas águas. Cobras e jacarés são encontrados com facilidade e podem
atacar moradores desprevenidos.
“Vamos reivindicar junto à
prefeitura de Juruti e ao Governo Federal para que o programa Luz para Todos
possa ser implantado no PAE Juruti Velho para que a gente resolva de uma vez
por todas a questão da energia aqui na nossa região. Estamos brigando e vamos
brigar para que isso seja possível”, destaca o presidente da ACORJUVE.
SEGURANÇA
A segurança na região de Juruti
Velho melhorou consideravelmente com a implantação do Destacamento da Polícia
Militar, em 18 de julho de 2012. Essa conquista é fruto de uma parceria entre a
Prefeitura de Juruti, Polícia Militar e Associação das Comunidades da Região de
Juruti Velho.
Sargento Pereira, comandante do
Destacamento da Polícia Militar em Juruti Velho, lembra que quando chegou à
região de Juruti Velho o índice de violência era elevado. “No momento em que
chegamos aqui havia apenas um grupo de agentes pacificadores, formado por
moradores da região. Hoje, com a realização de reuniões e trabalhos
preventivos o índice de violência
diminuiu”. Em Juruti Velho, o destacamento da PM aguarda o repasse de uma
viatura e de uma embarcação para atender a todas as 45 comunidades que formam a
região. Enquanto isso, a ACORJUVE tem garantido a locomoção, quando necessário,
dos policiais e agentes pacificadores fornecendo lanchas e combustível. A
ACORJUVE tem contribuído ainda com a alimentação dos policiais. A reforma da
casa onde funciona o Destacamento da PM em Juruti Velho também teve o apoio da
ACORJUVE.
O Destacamento da PM em Juruti
Velho é composto por 01 sargento, 01 cabo e 04 soldados, além dos 06 agentes
pacificadores que já atuavam por lá. Diariamente, os PMs e os agentes fazem
rondas nas praças, nas escolas e em locais com grandes fluxos de pessoas,
realizando um trabalho preventivo.
“Foram várias as reuniões
realizadas em Belém e em Santarém até conseguirmos esta conquista. Hoje a
região melhorou. A segurança melhorou oitenta por cento em Juruti Velho com a
presença da polícia militar. De tanto a gente bater na porta do governo a gente
conseguiu. Foi uma grande luta da ACORJUVE e vai melhorar ainda mais”, destaca
Gerdeonor Pereira.
CASA PRÓPRIA
No ano de 2010, a casa própria
deixou de ser um sonho e passou a ser realidade para muitas famílias de Juruti Velho. É o que relatou o diretor de formação jurídica e conflitos agrários da
ACORJUVE, Francisco Pinheiro. Ele lembra que isso foi resultado de uma luta de
mais de 18 anos das famílias da região de Juruti Velho, que queriam ser
reconhecidas como verdadeiras proprietárias da terra onde vivem. Direito esse
que foi conquistado em 2009.
A ACORJUVE conseguiu, junto ao
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, recursos para a
construção de casas populares. De acordo com Francisco Pinheiro já foram
entregues 121 casas na região de Juruti Velho. Em breve outras 21 serão
entregues. Em fase de construção se encontram outras 355 casas. O INCRA repassa
para cada casa recursos no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais); e a
ACORJUE entra com uma parcela para complementar a obra. Para ser contemplada
com uma casa popular a pessoa precisa estar cadastrada na Relação de
Beneficiários do INCRA.
Com recursos da própria
associação foram entregues 12 casas populares a famílias que não estão
incluídas na Relação de Beneficiários do INCRA e que precisam de um local digno
para morar.
Antonilzo Ferreira de Lima, 48
anos, morador da comunidade Juruti-Açu, pai de 08 filhos, conseguiu há 02 anos
realizar o sonho da casa própria. Hoje, ele comemora essa conquista. “Graças a
Deus a luta que começou em 2004 deu resultado positivo. Hoje temos a nossa casa
e conseguimos realizar um sonho”, disse o produtor rural.
EDUCAÇÃO
A ACORJUVE tem contribuído com o
setor educacional de Juruti Velho. Na Vila Muirapinima, por exemplo, a
associação proporcionou a reforma da escola Judith Barroso Pinheiro, onde
funcionará a Casa dos Professores e a Escola do Ensino Médio em 2013. Além
disso, doou mesa e cadeiras para o funcionamento do Departamento do Ensino
Médio, que funciona na Escola Lígia Meirelles.
MEIO AMBIENTE
A ACORJUVE tem combatido com
firmeza a exploração ilegal de madeira. No quilômetro 53 da estrada que liga
Juruti à Mina de Bauxita, a associação instalou uma guarita onde seus próprios
associados fiscalizam a movimentação de caminhões a fim de evitar a saída
ilegal de madeira. “Estamos aguardando que o governo faça a sua parte, que é
fiscalizar e combater a exploração ilegal de madeira. Enquanto isso não
acontece nós vamos continuar vigiando e defendendo o que é nosso”, destacou
Gerdeonor.
Outro projeto importante em prol
do meio ambiente, desenvolvido em parceria com a UFAM – Universidade Federal do
Amazonas, é o Pé de Pincha, que visa o repovoamento de rios e lagos da região
através da soltura de quelônios. Em Juruti Velho o projeto é desenvolvido desde
2003, em 16 comunidades.